Sudão/”Há o risco de aldeias inteiras morrerem à fome”
(ANG) – A Organização Mundial de Saúde alertou para situação dramática que se vive no Sudão, onde a população está a morrer à fome.
A directora regional da organização não-governamental Solidarités International- Justine Muzik Piquemal, mostra-se satisfeita com o alerta da OMS, mas sublinhado que se não fore enviada ajuda para o país, aldeias inteiras vão morrer à fome.
À medida que os combates entre o exército sudanês e os rebeldes das Forças de Apoio Rápido (RSF) se intensificam e os trabalhadores humanitários lutam para aceder ao país, a situação dos sudaneses agrava-se.
O alerta é do director-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que denunciou o “grau de urgência é chocante, assim como a inacção para conter o conflito e responder ao sofrimento causado”.
De acordo com a Organização das Nações Unidas, a guerra no Sudão já fez mais de dez milhões deslocados, a maior parte deles procurou refúgio nos países vizinhos.
Em entrevista à RFI, a directora regional da organização não-governamental- Solidarités International, Justine Muzik Piquemal, mostra-se satisfeita com o alerta da OMS, mas lembra que é urgente que a ajuda médica e alimentar chegue a todas as zonas do país.
“Estou satisfeita com o alerta da OMS, mas é preciso que nos enviem médicos, medicamentos e adubos para todo o país. Não importa que estejamos numa zona das Forças Armados Sudanesas ou numa Zona das Forças de Apoio rápido, a população precisa de assistência humanitária multissectorial”, explicou.
Justine Muzik Piquemal recorda que o país vive um quadro de fome severo, onde os mais afectadas são as crianças que, face à escassez de alimentos, são obrigadas a comer cascas de árvores.
“É urgente trazer alimentos para o país porque quando falamos de fome é absolutamente necessário fornecer os suplementos alimentares de que as crianças necessitam. Não é com papas produzidas localmente que a população vai sobreviver. “Hoje há famílias que comem cascas de árvores e que dão cascas de árvores aos filhos porque não têm absolutamente nada para comer”, denuncia.
A directora regional da organização não-governamental Solidarités International- garante que se não forem enviados alimentos para o país, até Março de 2025, aldeias inteiras vão morrer à fome.
“Hoje há pessoas a morrer de fome no Sudão e sabemos que se não se fizer nada até Março de 2025, não poderemos evitar as imagens de crianças e de aldeias inteiras que vão morrer à fome”, alertou.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar “seriamente preocupado”com os relatos de uma ofensiva “em grande escala“ Forças de Apoio Rápido,instando o general Daglo a “agir com responsabilidade e dar imediatamente a ordem para parar o ataque”.
Ambos os lados- exército sudanês e os rebeldes das Forças de Apoio Rápido- foram acusados de crimes de guerra, incluindo ataques a civis, bombardeamentos indiscriminados de áreas residenciais e envolvimento em saques ou bloqueio de ajuda humanitária vital.
Em Setembro, a Organização Mundial da Saúde disse pelo menos 20 mil pessoas perderam a vida, desde o início do conflito, mas algumas estimativas chegam mesmo a 150 mil vítimas, segundo o enviado americano para o Sudão, Tom Perriello.ANG/RFI