África do Sul/Dez anos depois da morte de Mandela, sul-africanos “desapontados” com estado do país
(ANG) – Com eleições em 2024 e a possibilidade de o partido ANC recolher menos de 50% dos votos, o aniversário dos 10 anos da morte de Nelson Mandela pesa na África do Sul, onde a população diz estar desapontada com o rumo do país.
Há 10 anos morria Nelson Mandela, não só um símbolo da luta pela igualdade, mas também um exemplo de retidão na gestão da coisa pública quando em 1994, após décadas na prisão, foi eleito como o primeiro Presidente negro da África do Sul.
Atualmente, os habitantes da África do Sul vivem divididos entre a sua memória e o rumo do país, com o Presidente em funções, Cyril Ramaphosa, a ver-se envolvido em diferentes escândalos de corrupção. Estas acusações estão a abrir espaço aos partidos que fazem oposição ao Congresso Nacional Africano (ANC), força política histórica na luta contra o apartheid na África do Sul e também em todo o continente africano.
“Se o Mandela fosse vivo, de certeza que estaria muito desapontado com aquilo que vê na África do Sul atual. Ele não foi encarcerado durante 27 anos para que os dirigentes políticos sul-africanos estarem a aproveitar-se oportunisticamente dos seus cargos políticos, como muitos fazem“, indicou José Nascimento, advogado na África do Sul, em declarações à Agência Lusa.
O país não terá uma cerimónia de homenagem nacional a Nelson Mandela, mas a sua família organizou uma deposição de coroas de flores numa estátua gigante em Pretória. A celebração foi liderada pelo seu neto e atual deputado, Mandla Mandela, que organizou também um seminário sobre o conflito entre Israel e o Hamas.
Esta homenagem familiar contou com a presença de representantes do Hamas, já que a criação de um Estado palestiniano foi uma das causas pelas que mais lutou a nível internacional quando se tornou Presidente da África do Sul.ANG/RFI