Bélgica/UE critica plano de paz dos EUA para a Ucrânia
(ANG) – A paz na Ucrânia não pode ser feita sem os europeus e os ucranianos, defendeu nesta quinta-feira, 20 de Novembro, a Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, reagindo ao novo plano de paz apresentado pelos Estados Unidos, que inclui a cedência de território ucraniano à Rússia.
As autoridades ucranianas anunciaram, na noite de quarta-feira, 19 de Novembro, que receberam uma proposta de um plano de paz, feita pelos Estados Unidos da América, que inclui a cedência de território à Rússia, nomeadamente as porções que Moscovo anexou, e a redução do exército ucraniano para 400 000 pessoas.
O Governo da Ucrânia foi informado do plano americano, mas não sabe se este tem o apoio do Presidente dos Estados Unidos ou se a iniciativa é do círculo íntimo de Donald Trump.
Em declarações aos jornalistas, a Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, rejeitou um plano de paz para a Ucrânia que não tenha o acordo do país invadido e a participação da União Europeia, recordando Washington de que «há um claro agressor e uma vítima».
Por seu lado, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noël Barrot, reiterou que os ucranianos «recusam qualquer tipo de capitulação», sublinhando que os europeus defendem o princípio de uma paz «justa» e «duradoura».
Também o homólogo alemão, Johann Wadephul, afirmou que «todas as negociações relativas a um cessar-fogo, bem como quaisquer outros desenvolvimentos pacíficos na Ucrânia, só podem ser discutidas e negociadas com a Ucrânia. E a Europa deve estar envolvida». Já o responsável pela diplomacia polaca, Radoslaw Sikorski, insistiu que a prioridade é reduzir a capacidade da Rússia de causar danos.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 Estados da União Europeia reúnem-se hoje em Bruxelas para discutir os últimos desenvolvimentos da guerra na Ucrânia, nomeadamente o plano de paz apresentado ao Governo de Volodymyr Zelensky pela Casa Branca, que inclui a cedência a Moscovo de território ocupado pela Rússia desde Fevereiro de 2022.
O encontro acontece numa altura em que Moscovo intensificou os bombardeamentos a áreas residenciais e infra-estruturas energéticas, coincidindo com a chegada do inverno, e em que um escândalo de corrupção abalou o Governo ucraniano.ANG/RFI