Espanha/Dezenas de mortos nas piores inundações dos últimos 30 anos
(ANG) – Pelo menos 72 pessoas morreram, segundo um balanço muito provisório, devido a inundações repentinas provocadas pelas chuvas torrenciais na região de Valência, no sudeste de Espanha, terça-feira à noite.
Estas inundações são consideradas as piores dos últimos trinta anos.
O balanço das vítimas destas cheias repentinas não pára de aumentar. Fortes chuvas atingiram a zona de Valência, especialmente a localidade de Alcudia, mas também Letur, na vizinha província de Castilha, onde seis pessoas foram dadas como desaparecidas e onde a água invadiu repentinamente as ruas, levando tudo o que se encontrava no seu caminho. As chuvas foram igualmente violentas nas zonas de Aragão e Andaluzia.
De acordo com os serviços de emergência, algumas localidades estão inacessíveis. O governo refere ter mobilizado mil militares apoiados por helicópteros, para reforçar as equipas de socorro localmente.
Numa breve declaração à Nação em que garantiu que os sinistrados “não seriam abandonados“, o chefe do governo, Pedro Sanchez explicou que há “municípios inundados, estradas e vias cortadas, pontes destruídas pela violência das águas”, pelo que recomendou que as populações locais não se desloquem pela estrada.
Uma situação perante a qual, Carlos Mazón, presidente da região de Valência, a mais gravemente atingida, indicou logo ontem à noite que estavam a ser resgatados primeiros corpos. Uma situação que ele próprio considerou “nunca vista”, perante a qual garantiu que os socorros estão a procurar activamente as vítimas.
“Nós activamos o procedimento chamado de ‘múltiplas vítimas’. Ou seja, estamos a adiantar os aspectos de medicina legal, os aspectos de identificação e, consoante isso, vamos confirmando. Temos visto algumas notícias que falam de números de vítimas. Não podemos fornecer o número de vítimas concretas neste momento”, disse o responsável.
Perante estas inundações desde já consideradas a mais dramáticas ocorridas no país desde 1996, foram decretados três dias de luto nacional, o rei de Espanha, Felipe VI, disse que está “destroçado”, enquanto os deputados observaram um minuto de silêncio no Parlamento.
A nível externo, a União Europeia disse estar “disposta a ajudar” a Espanha. O país enfrenta “uma situação dramática”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ao anunciar que Bruxelas activou “o sistema de satélite Copernicus para ajudar a coordenar as equipas de socorro”, tendo sido igualmente “proposta a activação do mecanismo de protecção civil” europeu.
No mesmo sentido, Emmanuel Macron expressou nesta quarta-feira a “solidariedade” da França com a Espanha Espanha e deu conta da “disponibilidade” do seu país para destacar os meios “considerados úteis pelos socorristas no local”.
Refira-se ainda que segundo cientistas, o fenómeno chamado de “gota fria”, que se manifesta por chuvas violentas e repentinas, é habitual no outono naquela região do sudeste de Espanha, mas que ele pode vir a tornar-se mais frequente, mais forte e mais longo, devido às alterações climáticas. De acordo com os serviços meteorológicos, as chuvas devem continuar até pelo menos esta quinta-feira.ANG/RFI
