Lagoas do Parque Natural de Cufada perdem caudal
(ANG) – As três lagoas que constituem o parque Natural de Cufada, na Região de Quinará, estão a perder o caudal,por razões diversas inclusive por ação humana.
A revelação é de Braima Djaló, Eco-guiaturístico do Parque Natural das Lagoas de Cufada, que falava, quarta-feira, à um grupo de jornalistas de diferentes órgãos de comunicação social nacional, em processo de especialização sobre assuntos relacionados às mudanças climáticas e seus efeitos.
Segundo Djaló, em atuação, nessa área de 890Km2, declarada Sítio Ramsar – Zona húmida de importância internacional, estão vários factores, nomeadamente a sedimentação do espaço pela erosão das águas das chuvas, a desmatação das árvores para agricultura e construçóes de habitações , a caça descontrolada, a pesca não para subsistência, entre outros.
O eco-guiaturístico disse entretanto que ainda é cedo para se temer pela perda do estatuto de Sítio Ramsar – Zona Humida de importância internacional que o PNLC ostenta.
“Pode haver soluções apesar de os ambientalistas pedirem cautelas para não alteral o natural no parque, pelo que recomendam estudos profundos. Já está em estudo as soluções para essas ameaças que o parque enfrenta.Há equipamentos de dragagem capazes de retirar as plantas invasores e outros objetos que tomam conta do caudal das lagoas”disse Braima Djaló.
O PNLC tem recebido períodicamente dois por cento da população mundial de Pelicanos, e mais de 100 mil de outras espécies de aves, Braima Djaló diz que ainda há vestígios” muito importantes”, ao falar dos efeitos da redução das águas nas lagoas face a presença de aves, autótones e migradoras que encontram no Parque uma rara fonte de nutrição.
“Ainda continuamos a ter a presença de várias espécies de aves, incluindo pelicanos”,e não só, sobretudo entre Abril e Agosto”,afirmou.
Braima Djaló é Guia no Parque, há dez anos, e confirma que já não se cruza com primatas ao andar pelas diferentes partes do Parque, como autrora, e registos do IBAP – Instituto da Biodiversidade e Àreas Protegidas – tutela do Parque, indicam a presença de oito espécies de primatas incluindo 137 indivíduos de chimpanzés(Pan Trogodytes) na zona.
O PNLC é ainda uma fonte de abastecimento de lençóis freáticos da zona e um meio de subsistência para os 3.534 habitantes do parque no que as pescas diz respeito.
A diminuição da água já se reflecta nas capturas que os pescadores conseguem cada vez que entram em ação.
“Agora é pouco o que pescamos. Como podem ver só consegui isso para alimentação da família”, disse Mohamed Barri, pescador de 33 anos de idade, que exibiu ao falar à imprensa, um fio com cinco peixes, da espécie que os guineenses chamam de “Bentana”.
Barri acrescenta que capturar o suficiente para alimentar a familia e vender, agora, só é possivel na epoca da seca.
O Parque e seus problemas contituem preocupações para os intervemientes nessa área de biodiversidade ameaçada pelas alterações climáticas.
Este ano o dia mundial do ambiente(05 de Junho) foi assinalado, no interior do Parque, com a realização de uma campanha de sensibilização da comunidade circundante do Parque sobre a necessidade de todos se envolverem na conservação do bem que o PNLC representa para todos e para a Guiné-Bissau.
A campanha envolveu , para além da direção do Parque, habitantes das 36 tabancas construídas no Parque, elementos da associação juvenil de Buba, da Guarda Nacional , da Polícia da Ordem Pública e da organização da sociedade de Quinará.
Como alternativa a desmatação de árvores no interior do Parque para fins diversos, Nogueira pediu que sejam recuperados terras em Tira Camissa, Bubananco e outras localidades do Parque, para a lavoura de arroz.
“Nós que vivemos na área protegida não temos onde lavrar arroz e isso é que nos leva a desmatação das árvores. Sabemos que não é bom mas é para nossa subsistência. Se nos aproairem com tratores para lavrar em algumas área vamos tirar as mãos no mato. Poderemos desmatar mas para apenas cultivar quiabo e outras hortaliças”, disse Nogueira, que falou em nome da população do Parque.
Parque Natural Lagoas de Cufada(PNLC) constituida pelas lagoas de Biorna, Bedasse e Cufada, representa a maior reserva de água doce no país e na Costa Ocidental de África, e foi criada em Dezembro de 2000 pelo Decreto 13/2000, com o objectivo de conservação e manutenção do ecossistema e espécies de animais e vegetais ameaçadas.
Constitui um meio favorável de sobrevivência da fauna e flora assim como de nutrição para a diversidade biológica existente, razão pela qual recebe periódicamente, grande número de aves aquáticos, tanto autótones como migradoras, algumas com estatuto de animais protegidos de importância internacional.
O PNLC tem Hipopótamo branco, crocodilo preto(osteolaemus tetrapis), antílopes(kobus Defessa), Cefalofos, Grous, Gansos Pigmeus africanos. ANG//SG