ONU/Guterres condena a “impunidade quase total” que existe no mundo
Em conferência de imprensa, em Díli, depois de um encontro com o presidente José Ramos-Horta, António Guterres considerou que a falta de respeito pela carta das Nações Unidas, pela lei internacional e pelas potências faz que continuem guerras como a do Sudão, Médio Oriente, República Democrática do Congo ou Myanmar.
O secretário-geral das Nações Unidas chegou esta quarta-feira a Timor-Leste para uma visita oficial de três dias no âmbito dos 25 anos do referendo que pôs fim à ocupação indonésia e permitiu a independência do país.
Em conferência de imprensa, depois do primeiro encontro com o presidente José Ramos Horta, António Guterres denunciou a “impunidade que hoje impera no mundo” e que impede a resolução de várias guerras.
Duvido sinceramente que uma situação similar hoje tivesse o mesmo resultado. Com as divisões geopolíticas que existem, duvido que o Conselho de segurança votasse unanimemente e duvido que se criassem as condições de aceitação para que uma intervenção desse tipo em qualquer outro ponto do mundo possa ter lugar.
Guterres disse que actualmente não há respeito “pela carta das Nações Unidas, pela lei internacional e pelas potências”, defendeu reformas “absolutamente essenciais” das instituições multilaterais.
Sobre Timor-Leste, considerou que “a restauração da independência não foi um fim, mas um novo começo que exigiu unidade e determinação para ultrapassar os obstáculos”, e destacou a evolução em áreas como a educação, acesso à electricidade, combate à insegurança alimentar, desigualdade de género, desemprego jovem e melhoria no acesso a cuidados de saúde.
Hoje estou aqui como testemunha de uma nação que se soube afirmar e que prevaleceu, em paz e harmonia com os seus vizinhos, uma democracia consolidada e assente no respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais.
Por seu lado, o Presidente timorense recordou que António Guterres foi primeiro-ministro de Portugal “num período crucial para Timor-Leste”, conseguindo convencer os Estados Unidos a aceitarem uma intervenção da ONU no país.
Para Ramos-Horta, Guterres é “um homem brilhante, inteligente e com grande coração”.
O chefe de Estado condecorou o secretário-geral da ONU com o Grande Colar da Ordem de Timor-Leste, a mais alta distinção do país.ANG/RFI