Quénia/ Dezenas de corpos mutilados descobertos em lixeira
(ANG) – A descoberta de dezenas de corpos, nomeadamente de mulheres, numa lixeira de uma favela em Mukuru, no Sul de Nairóbi, no Quénia, está a provocar a fúria da população.
O caso macabro acontece numa altura em que tem sido denunciado um aumento de casos de desaparecimentos e raptos na sequência dos protestos contra o governo de William Ruto.
O chefe da Polícia Nacional do Quénia, Douglas Kanja, disse que os primeiros cadáveres foram encontrados na sexta-feira, 12 de Julho, e outras partes de corpos foram recuperadas no sábado, com investigações preliminares que revelam tratar-se na sua maioria de corpos de mulheres.
Em conferência de imprensa, Douglas Kanja confirmou que os corpos “mutilados” estão “em estado de decomposição e foram deixados em sacos de plático”, acrescentando que está em curso uma investigação sobre a “descoberta macabra”
O chefe da Polícia Nacional do Quénia pediu ainda a cooperação dos residentes na investigação para que os autores deste “crime hediondo” possam ser levados à justiça.
De acordo com o chefe da Direcção de Investigações Criminais, Amin Mohammed, as idades das vítimas variam entre os 18 e os 30 anos e foram todas mortas pelo mesmo método.
A polícia disse estar empenhada em realizar “investigações transparentes, completas e rápidas” aos corpos abandonados em Mukuru, acrescentou Douglas Kanja, sublinhando que os agentes da esquadra localizada perto da lixeira-onde estavam os corpos- foram transferidos para outro local.
A Autoridade Independente de Supervisão da Polícia-IPOA- procura igualmente esclarecer os raptos e detenções ilegais de manifestantes, que desapareceram após o recente movimento de protesto da sociedade civil contra a decisão do Presidente William Ruto aumentar de impostos governamentais. Face aos protesto Ruto voltou a atrás e anunciou a demissão de grande parte da equipa governamental.
Porém, até ao momento, a IPOA não estabeleceu qualquer ligação entre os desaparecidos e os corpos abandonados no lixeira de Mukuru.
As forças de segurança do Quénia têm estado sob escrutínio desde a morte, no mês passado, de dezenas de pessoas durante os protestos, com grupos de direitos humanos a acusarem a polícia de usar força desproporcional.
No ano passado, o Quénia foi abalado pela descoberta, no sudeste do país, de valas comuns com corpos de várias centenas de seguidores de uma seita que os tinha forçado a jejuar até à morte.
O líder da seita evangélica, autoproclamado pastor Paul Nthenge Mackenzie, está a ser julgado por “terrorismo”, no caso que ficou conhecido pelo “massacre da floresta de Shakahola”, uma tragédia que chocou o Quénia e o resto do mundo. ANG/RFI