Venezuela/Líder da oposição deixa o país e refugia-se em Espanha
(ANG) – O candidato da oposição venezuelana à presidência, Edmundo Gonzalez Urrutia, deixou domingo a Venezuela após um mês na clandestinidade e refugiou-se em Espanha, cujo governo anunciou conceder-lhe o asilo político.
Urrutia que reclamava a vitória nas presidenciais de 28 de Julho na Venezuela, era alvo de um mandado de captura no seu país desde o passado 3 de Setembro.
O opositor Gonzalez Urrutia, dado como derrotado pelo Supremo Tribunal do seu país perante Nicolás Maduro nas presidenciais de 28 de Julho, deixou a Venezuela depois de ter ignorado três convocações sucessivas da justiça, argumentando que a sua comparência poderia custar-lhe a liberdade.
Acusado pelo Ministério Público de “desobediência às leis”, “conspiração”,“usurpação de funções” e“sabotagem”, o político de 75 anos tinha passado a ser alvo de um mandado de captura emitido no passado dia 3 de Setembro.
Após um mês na clandestinidade, o candidato presidencial que reclamava a vitória com mais de 60% dos votos nas presidenciais, acabou por encontrar refúgio na embaixada de Espanha em Caracas, entidade junto da qual pediu o asilo a Madrid.
Na sequência deste processo, as autoridades venezuelanas indicaram ontem ter concedido um salvo-conduto ao opositor “no interesse da paz” no país, Urrutia seguindo depois num avião militar junto com a esposa rumo a Madrid.
Ao anunciar ontem ter concedido asilo ao opositor, as autoridades espanholas reiteraram a exigência de que sejam apresentadas as actas das mesas de voto nas eleições presidenciais de 28 de Julho e “que possam ser verificadas“. Madrid disse ainda que “não vai reconhecer nenhuma suposta vitória” de Nicolás Maduro, se essas condições não forem cumpridas.
A saída de Urrutia acontece numa altura em que a situação continua tensa em Caracas, nomeadamente entre as autoridades Venezuelanas e Brasília. As forças da ordem venezuelanas têm estado a cercar a embaixada argentina em Caracas, onde seis quadros da oposição, acusado de conspiração pelo regime, estão refugiados desde Março.
O Brasil que tem estado a administrar a residência da embaixada desde que Caracas e Buenos Aires cortaram relações na sequência das presidenciais, relembrou ontem “a inviolabilidade das instalações da missão diplomática argentina”, sendo que as autoridades venezuelanas anunciaram a revogação “imediata” da autorização dada ao Brasil de representar a Argentina no país, apesar de o governo de Lula ter tentado exercer um papel de mediação na crise política que se instalou desde as presidenciais.
Recorde-se que no passado dia 28 de Julho, Nicolas Maduro foi declarado vencedor das presidenciais, com 52% dos votos, um resultado contestado pela oposição que reclama uma vitória com 60% dos votos. Perante a recusa de as autoridades venezuelanas divulgarem as actas das mesas de voto, alegando terem sido vítimas de um ataque informático, vários países, nomeadamente os Estados Unidos, a União Europeia e uma série de países da América Latina, nomeadamente a Argentina, recusaram reconhecer a reeleição de Maduro para um terceiro mandato.
A nível interno, as manifestações massivas de protesto contra estes resultados foram marcadas por um balanço de pelo menos 27 mortos, 192 feridos e cerca de 2400 detenções, segundo fontes oficiais.ANG/RFI