”As liberdades de expressão e manifestação num país democrático, jamais devem ser impedidas”, diz Martinho Ndafa Cabi
(ANG) – O ex-primeiro-ministro e Presidente dos “Cidadãos Patriotas para a Salvação da Constituição e da Democracia”, Martinho Ndafa Cabi disse quinta-feira que as liberdades de expressão e de manifestação não devem, nunca, serem impedidas num país democrático, uma vez que ,segundo diz, são pilares da Democracia.
Cabi falava numa conferência de imprensa realizada para reagir contra a atual situação política e social do país, inclusive sobre a morte do oficial da Armada Papa Fanhé, um dos presos do caso 01 de Fevreiro de 2022, de alegada tentativa de Golpe de Estado contra o Presidente Umaro Sissoco Embaló.
“A primeira pessoa que deve respeitar as leis democráticas deve ser o Chefe de Estado para deixar o exemplo à todos, no sentido de trabalharem na base das leis e regras que norteiam a implementação do regime democrático desde 1990 na Pátria guineense”, disse.
Depois de um longo período de ausência no país, Ndafa Cabi insurgiu-se de novo no cenário político guineense, salientando que a Guiné-Bissau lutou contra a dominação portuguesa para ser livre e viver na base das leis que possam promover o progresso da Nação e do povo e que por isso, o suor, a morte e sacrificio de muitos devem valer a pena.
Acrescentou que as pessoas devem pensar antes de agir, uma vez que, na sua opinião, o bem do país é fundamental para todos.
Disse ser lamentável ter pessoas, por mais de dois anos na prisão, por alegada tentativa de Golpe de Estado, sem que haja qualquer tipo de julgamento sobre o caso , submetendo os detidos à sacrifícios que já provocam a morte.
O ex. primeiro-ministro recordou que, os juízes do Supremo Tribunal da Justiça já tinham pedido a soltura dos presos do caso 01 de Fevereiro de 2022 por falta de provas para os seus julgamentos e que o pedido não se concretizou.
“A Justiça é um dos maiores pilares que temos na Guiné-Bissau. Assim sendo, confiamos que tarde ou cedo será feita, de modo a sairmos de atual situação com que deparamos”, disse.
Cabi afirmou que não estavam a contar com essa situação, uma vez que a Guiné-Bissau implementa a democracia há 34 anos.
Para Martinho Cabi não há necessidade de impedir que o povo manifestasse face às situações que achar anormal e muito menos deter as pessoas porque reivindicam algo.
O ex-governante sublinha que a Democracia é feita para associar convergências de ideias, pelo que cada um é livre de pensar da sua maneira, sendo o mais importante a coabitação de pensamentos, para se evitar problemas que possam atrapalhar o progresso do país e o bem-estar do povo em geral
“O jogo político e a fiscalização da governação são feitos através da Assembleia Nacional Popular (ANP), mas, no nosso caso, esse órgão da soberania foi dissolvido e atualmente temos um Governo da Iniciativa Presidencial que funciona à sua forma”, disse.
Martinho insistiu que o Presidente da República tem por missão garantir a unidade nacional através do respeito à Constituição da República, de forma a promover a estabilidade política e governativa.
“Infelizmente, ele só preocupa em acomular diferentes funções dos órgãos da soberania, “quando na realidade isso está fora das leis”, disse.
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