Portugal/ Primeira “Marxa Cabral” leva centenas de pessoas à rua
(ANG) – Centenas de pessoas reuniram-se sábado(21),em Lisboa, na primeira “Marxa Cabral” em Portugal organizada pelo Movimento Negro, no quadro do centenário do líder da luta pela independência Amílcar Cabral.
A primeira Marcha Cabral levou centenas de pessoas à rua este sábado 21 de Setembro em Lisboa para celebrar o centenário do nascimento do líder independentista africano Amílcar Cabral, assinalado a 12 de setembro. O activista guineense Yussef explica que por ocasião da homenagem a Cabral, o Movimento Negro, um colectivo panafricanista, pretende internacionalizar os valores e ideiais e da luta de resistência de Amílcar Cabral.
“Há todo um contexto a nível nacional e internacional que levou vários colectivos e individualidades a organizarem esta marcha. O objectivo é institucionalizá-la, esperamos repetí-la nos próximos anos. Neste momento, a luta de Amílcar Cabral interpela-nos seja para fazer face às várias injustiças com as quais nos deparamos aqui na Grande Lisboa, com a questão do racismo, da discriminação de género, ou com a situação de desemprego. Mas na verdade, esta marcha também tem uma vertente internacionalista, na medida em que nos solidarizamos com a luta do povo palestiniano que neste momento é vítima de um genocídio. Ao mesmo tempo, também denunciamos a destruição do Estado de Direito na Guiné-Bissau, que pode ser sinónimo de ditadura“, começa por explicar o activista guineense Yussef.
O Movimento Negro em Portugal, na origem da organização desta marcha, reúne vários coletivos e organizações pan-africanistas. Neste âmbito, pretendem homenagear o ideólogo das lutas de libertação na Guiné-Bissau e Cabo Verde e a internacionalização das suas ideias.
“Há uma crítica no sentido de dizer que os objectivos pelos quais se fez a luta de libertação nos nossos países até este momento não foram concretizados. Os objectivos da geração de Cabral, dos movimentos de libertação, seja do PAIGC de Cabral, seja do MLSTP em São Tomé, seja do MPLA em Angola ou da Frelimo em Moçambique, ainda não foram concretizados. Então o pensamento de Cabral, o método de Cabral, os objectivos das lutas de libertação, continua a interpelar-nos de tal forma que pensamos também que nos próximos anos esta marcha deve realizar se“, considera Yussef.
Durante a Marcha foi lida uma declaração segundo a qual Setembro passa, a partir de domingo, a ser o mês das Marxas Cabral em Portugal. ANG/RFI