Adis Abeba/”África longe de cumprir compromissos do programa agrícola”, diz comissária
(ANG) – Nenhum país africano está no bom caminho para cumprir com todos os sete compromissos do Programa Abrangente de Desenvolvimento da Agricultura em África (CAADP), declarou esta sexta-feira, em Adis Abeba, a comissária da União Africana (UA), Josefa Correia Sacko.
Segundo uma nota chegada à ANGOP, em Luanda, a diplomata falava no lançamento oficial do 4º relatório de revisão bienal do CAADP (sigla em inglês) e da agenda pós-Malabo.
O processo de revisão tem em perspectiva dar um novo impulso, revigorar e consolidar os ganhos já alcançados, bem como sobre as tendências e os dinamismos emergentes.
Josefa Sacko alertou, na ocasião, que, a apenas um ano da conclusão do período da “Declaração de Malabo”, é urgente que os Estados-membros acelerem a implementação do CAADP.
A execução desse programa, clarificou, passa nomeadamente pela disponibilização do financiamento necessário para alcançar as aspirações de criar um sistema alimentar africano robusto.
Recordou que a Declaração de Malabo do CAADP chegará ao seu final, em 2025, e que “ainda não atingimos os objetivos definidos” no documento.
Em virtude desse “mau desempenho”, disse, verificou-se os efeitos combinados de choques que se sobrepuseram, e que afetaram o sector agrícola, no contexto da pandemia da Covid-19 e do conflito Rússia-Ucrânia.
Mencionou igualmente as perturbações na cadeia de abastecimento e os conflitos no continente, bem como os impactos das alterações climáticas
“No entanto, é gratificante constatar que foram envidados esforços consideráveis para garantir a qualidade dos dados, fazer com que sejam utilizados dados de qualidade para avaliar o desempenho dos países com base nas lições aprendidas até à data”, frisou a comissária da UA.
Na sua visão da agenda pós-Malabo, a comissária considerou que esta deve ser sólida e baseada em factos essenciais para acelerar a transformação da agricultura no continente face às alterações climáticas e efeitos sanitários, políticos e económicos.
Nesta perspectiva, alertou que a agenda pós-Malabo deve manter os princípios fundamentais do CAADP de apropriação e liderança africana, responsabilidade e transparência, inclusão e assumir uma abordagem de sistemas alimentares, adaptando-se continuamente a contextos em mudança.
“Devemos aproveitar as oportunidades de enfrentar os desafios para garantir meios de subsistência sustentáveis e resilientes, bem como dietas saudáveis, seguras, nutritivas e acessíveis”, lembrou a diplomata angolana junto da UA.
Descreveu o processo de revisão bienal do programa agrícola do continente como uma iniciativa da Agenda 2063 da UA que oferece um quadro para os Estados-membros eliminarem a fome e reduzir a pobreza, aumentando o crescimento económico através do desenvolvimento agrícola.
O relatório de revisão bienal tornou-se num poderoso instrumento para a advocacia a nível continental, regional e nacional, para desencadear as ações políticas necessárias para a transformação da agricultura em África, ressaltou.
De acordo com Sacko, apenas 49 países apresentaram relatórios neste ciclo, contra 51 na terceira revisão bienal, destacando-se o desempenho dos países em relação aos 46 indicadores para acompanhar os progressos feitos no sentido de uma agricultura totalmente transformada nos sete compromissos de Malabo.
Este quarto relatório bienal foi apresentado ao comité técnico especializado da UA sobre agricultura, desenvolvimento rural, água e ambiente, em Novembro de 2023, e aos chefes de Estado e de Governo durante a sua cimeira em Fevereiro do corrente ano. ANG/Angop