Alemanha/Dissolução da coligação “semáforo” cria incerteza
(ANG) – A Alemanha entra esta quinta-feira, 7 de Novembro, numa era de grande incerteza, após a dissolução da coligação “semáforo”, formada pelos liberais, pelo Partido Social Democrata (SPD) e pelos Verdes.
A oposição pede uma moção de confiança e o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, apela à responsabilidade dos dos políticos, sublinhado que o país “ precisa de maiorias estáveis e de um Governo eficaz”.
O fim do Governo do chanceler alemão fica a dever-se à demissão do ministro das Finanças, Christian Lindner, e à saída de três ministros liberais esta quarta-feira, 6 de Novembro, decisão que priva o Olaf Scholz de uma maioria.
A crise política rebenta no pior momento para a maior economia da Europa. A Alemanha efrentar uma grave crise industrial e está inquieta com as repercussões que a eleição do republicano Donald Trump possam vir a ter no comércio e na segurança do país.
A coligação governamental alemã, que uniu social-democratas e ecologistas à esquerda com os liberais do FDP à direita, desfez-se devido a profundas diferenças entre os dois campos sobre a política orçamental e económica a seguir. Os primeiros são a favor da revitalização da economia nacional-estagnada através da despesa- enquanto os liberais defendem cortes sociais e uma disciplina orçamental rigorosa.
Confrontado com “ultimatos” do ministro das Finanças, Olaf Scholz considerou que já não havia “confiança suficiente para uma cooperação contínua”.
Porém, o chanceler alemão espera conseguir resistir durante alguns meses para liderar um Governo minoritário e aprovar alguns diplomas legislativos considerados prioritários, procurando maiorias caso a caso. Quanto ao orçamento para 2025, cuja preparação está na origem da crise atual, há incerteza. Na falta de aprovação no Parlamento, uma versão mínima e reduzida poderá ser aplicada a partir de Janeiro.
O líder da União Democrata-cristã alemã (CDU), Friedrich Merz, pediu a Olaf Scholz que não espere até Janeiro para solicitar uma moção de confiança ao parlamento, mas que o faça o mais depressa possível. O presidente do grupo parlamentar da CSU (partido irmão da CDU na Baviera), Alexander Dobrindt, considerou que o país não se pode dar ao “luxo de ter um chanceler em coma”.
O Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, pediu aos políticos para serem responsáveis, sublinhado que o país “precisa de maiorias estáveis e de um Governo eficaz”.
O chefe de Estado alemão será responsável pela dissolução do Bundestag, a câmara baixa do Parlamento, caso o Governo perca, como seria de esperar, a moção de confiança que será submetida aos deputados.
Ainda hoje, o chanceler alemã tentará dissipar as preocupações, durante uma reunião na Hungria da Comunidade Política Europeia (CPE), composta pelos 27 países da UE e pelos vizinhos, da Turquia à Ucrânia.
Será seguida por uma reunião informal apenas dos líderes dos Vinte e Sete, muitos dos quais já estão preocupados com a vitória de Donald Trump, inclinado a travar batalhas comerciais e aduaneiras com o Velho Continente. ANG/RFI