Angola/África celebra dia da Industrialização
(ANG) – O continente africano celebra hoje, 20 de Novembro, o dia da Industrialização, um marco importante para reflexão sobre o aproveitamento dos recursos naturais do solo africano para obter um preço justo no mercado e consequentes avanços à nível internacional.
A comemoração tem como principal objetivo realçar a importância da industrialização e da transformação da economia continental, que caminha para um mercado único de 1,3 mil milhões de pessoas no âmbito da recém-criada Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA).
Esta zona espera atingir um total agregado de despesas de consumo e negócios de até quatro biliões de dólares americanos, que criam uma oportunidade para melhorar as suas ligações comerciais e de produção e finalmente aproveitar a competitividade industrial que resulta da integração regional, como acontece noutras regiões.
Instituída pelas Nações Unidas, em 1989, com a resolução 44/237, inicialmente com o objetivo de mobilizar a comunidade internacional para a industrialização do continente africano, a efeméride constitui hoje, mais do que nunca um meio, um fim rumo ao alcance do desenvolvimento do continente.
África precisa de recorrer à sua industrialização para deixar de exportar recursos naturais brutos que acabam por retornar ao continente como produtos acabados a preços três a quatro vezes mais caros.
O continente berço da humanidade necessita de evitar a contínua exportação de mão-de-obra e consequentemente criar empregos e valorizar os milhares de africanos, facto que contribuíra para o crescimento das economias africanas.
Os fins que a industrialização do continente persegue têm a ver com a necessidade de África sair da atual situação em que se encontra, traduzida no empobrecimento da população, sobretudo a rural.
Nestes esforços de industrialização, espera-se que práticas condenáveis como o emprego de mão-de-obra infantil, a discriminação do género no emprego e no salário, a não observância das leis laborais, o abuso do poder disciplinar e outros procedimentos reprováveis façam parte do passado.
Numa altura em que o continente enfrenta o desafio da diversificação da economia, o processo de industrialização, observando todas as regras e procedimentos para com o ambiente, é vital para o continente promover o chamado desenvolvimento sustentável.
Dados apontam que no continente africano as indústrias mais comuns são as que transformam as matérias-primas em produtos para exportação, como por exemplo as fábricas de açúcar, de óleos comestíveis, indústrias de beneficiamento de fibras de algodão, lã, sisal, entre outras.
Apesar dos grandes recursos, os países africanos são pouco desenvolvidos industrialmente e isso não quer dizer que vários deles não tenham procurado saídas para o problema. Em alguns, tem-se tentado reduzir a importação, incentivando a industrialização de produtos básicos
Distinguindo-se dos demais países do continente, África do Sul e o Egipto são as duas nações mais industrializadas da África.
O Dia da Industrialização de África é comemorado pela União Africana, desde 2018.
Segundo estimativas disponíveis, 37 países africanos industrializaram-se, na última década, dos quais os com melhor desempenho “não são necessariamente aqueles com as maiores economias, mas sim os que geram um elevado valor acrescentado de produção per capita”.
Em 2022, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), a União Africana (UA) e o Programa das Nações Unidas para a Desenvolvimento Industrial (UNIDO) lançaram conjuntamente a edição inaugural do Índice de Industrialização de África (IIA), à margem da Cimeira da UA sobre Industrialização e Diversificação Económica, em Niamey, no Níger
No seu relatório, o IIA indica que a África do Sul manteve uma classificação muito elevada ao longo do período 2010-2021, seguida de perto por Marrocos, que manteve o segundo lugar, em 2022.
Nos seis primeiros lugares estão o Egipto, a Tunísia, as Maurícias e o Eswatini, de acordo com o mesmo índice, que fornece uma avaliação a nível nacional dos progressos de 52 países africanos através de 19 indicadores-chave.
O objetivo do relatório apresentado é permitir aos governos africanos identificar países comparáveis para aferir do seu próprio desempenho industrial e identificar as melhores práticas de forma mais eficaz.
Na avaliação do BAD, apesar de África ter mostrado progressos encorajadores na industrialização durante o período 2010-2022, a pandemia da Covid-19 e a invasão russa da Ucrânia atrasaram os seus esforços e salientaram as lacunas nos sistemas de produção.
O continente tem uma oportunidade única de resolver esta dependência através de uma maior integração e conquista dos seus próprios mercados emergentes, afirma o diretor do BAD para o Desenvolvimento Industrial e Comercial, Abdu Mukhtar.
O BAD investiu até oito mil milhões de dólares americanos, ao longo dos últimos cinco anos, no âmbito da sua prioridade estratégica (High-5) Industrializar África, prevendo gastar, só no sector farmacêutico, pelo menos três mil milhões de dólares até 2030,
O Índice Industrial Africano reflete o compromisso do Banco em promover a industrialização como uma prioridade estratégica no âmbito da sua Estratégia decenal (2013-2022), e as suas cinco principais prioridades operacionais (High5).
Considera-se que a construção de uma indústria produtiva deverá ser parte integrante do desenvolvimento de África, oferecendo um caminho para uma transformação estrutural acelerada, a criação de empregos formais em escala e o crescimento inclusivo.
O relatório do IIA refere ainda que a quota de África na indústria transformadora mundial continuou a diminuir para o nível atual de menos de 2%, numa altura em que políticas industriais mais proativas são encaradas como cruciais para inverter a tendência.
O norte de África continua a ser a região africana mais avançada em termos de desenvolvimento industrial, seguida pela África Austral, África Central, África Ocidental e África Oriental. ANG/Angop