
“Casos de tráfico de pessoas representam uma realidade dolorosa na Guiné-Bissau”, diz chefe de ONUDC

(ANG) – A Chefe do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (ONUDC) na Guiné-Bissau afirmou hoje que os casos de tráfico de pessoas representam uma realidade dolorosa no país, com impacto devastador sobre as camadas mais vulneráveis, como crianças e jovens .
Segundo a Rádio Sol Mansi, Cristina Andrade, que falava durante o lançamento oficial do Manual de Formação sobre Tráfico de Seres Humanos para Profissionais da Justiça Criminal, afirmou que os casos de tráfico de pessoas no país, como no caso dos Talibés, em grande parte são forçadas a mendigar nas ruas, sendo vítimas de tráfico humano.
Segundo aquela responsável, o tráfico de seres humanos não é um fenómeno distante nem invisível, disse que está presente em diversas formas aqui na Guiné-Bissau.
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Segundo Cristina Andrade, a prática manifesta-se em diversas formas, frequentemente dissimuladas: no trabalho forçado, na exploração sexual, no recrutamento de menores para fins ilícitos, na mendicidade forçada e em outras manifestações de servidão moderna.
Disse que a luta contra o tráfico de pessoas exige uma abordagem holística, baseada na prevenção, na proteção das vítimas, na repressão eficaz dos autores e na promoção de parcerias estratégicas.
Recomenda que se tenha a coragem institucional, vontade política e o engajamento da sociedade como um todo.
“Os autores do crime de tráfico de seres humanos, muitas vezes, são protegidos por redes poderosas e sofisticadas. Um exemplo mais recente no país foi o caso de uma criança encontrada sem órgãos em São Domingos, cujo resultado da investigação permanece em segredo de justiça”, frisou.
Por sua vez, a ministra da Justiça e dos Direitos Humanos, Maria do Céu Silva Monteiro classificou este tipo de tráfico como uma agressão inaceitável à dignidade humana, acrescentando que o tráfico de pessoas é, na sua essência, uma agressão inaceitável à dignidade humana.
“Trata-se de um crime de natureza transnacional, alimentado por redes sofisticadas de criminalidade organizada, que exploram as vulnerabilidades socioeconómicas dos indivíduos, corroem os alicerces da legalidade e desafiam a capacidade de resposta dos Estados”, disse a governante.
Afirmou que neste contexto, a República da Guiné-Bissau reafirmou o seu empenho inequívoco em respeitar e implementar os compromissos internacionais assumidos.
O manual apresentado foi desenvolvido no âmbito de um projeto regional, OCWAR-T, uma iniciativa do ONUDC concebida para responder, de forma estruturada e estratégica, às ameaças do crime organizado transnacional naÁfrica Ocidental, com financiamento da União Europeia.ANG/JD/ÂC//SG