Comércio/Presidente da República manda padeiros vender o pão à 200 francos
(ANG) – O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, mandou, quarta-feira, os padeiros tradicionais a venderem o pão á 200 francos CFA, mais caro que o preço determinado pelo Governo e em vigor desde domingo último, 24 de setembro.
Dezenas de padeiros tradicionais concentraram-se em protesto contra a medida governamental junto ao palácio da Presidência, onde foram todos recebidos no salão nobre pelo Presidente da República.
Na ocasião, Umaro Sissoco Embaló disse aos padeiros que vai falar com o Governo e outros agentes do setor e para, entretanto, continuarem a vender o pão ao preço que estava a ser praticado, para evitar que falte no mercado.
“Vamos chegar a um consenso, vou chamar o Governo, antes vou ouvir quem vende, mas pão não pode faltar. Quem quer comprar pão ao vosso preço, que vá comprar e comer, quem não quer, não é obrigado a comprar, onde é que está o problema?”, disse Embalo aos padeiros.
O chefe de Estado, que não falou com os jornalistas no final da reunião, disse ainda para não terem medo, afirmando que ninguém vai à casa dos padeiros e que enquanto ele for Presidente da República ninguém lhes “vai tocar”.
Os padeiros estão parados desde domingo em protesto contra a decisão do Governo de baixar o pão de 200 para 150 francos cfa e a farinha de 29.000, o saco de 50 quilos, para 24.600 fcfa.
Desde terça-feira que o protesto se tornou mais visível e a população está praticamente sem pão, já que são os padeiros tradicionais os principais fornecedores, nomeadamente do pão kuduro, o mais consumido, e as padarias industriais ficaram sem capacidade de dar resposta à procura.
Tanto o Governo como a associação que representa os padeiros falaram em “boicote”, mas no encontro de quarta-feira, o presidente da mesma associação, Adulai Djaló, disse que quem tinha falado não tinha legitimidade, nem quem fez o acordo com o Governo.
“O pessoal que assinou com o Governo não são padeiros, os padeiros nunca assinaram com o Governo”, afirmou aos jornalistas.
O representante disse que vão seguir o Presidente da República e que ainda na quarta-feira vão trabalhar e vender o pão a 200 francos cfa.
“Quando terminarem as negociações, ele chama-nos novamente para dizer o preço”, acrescentou.
O representante dos padeiros deixou claro que se o saco da farinha custar mais do que 17.500 fca o pão terá que custar 200.
“Quando baixar o preço da farinha, também baixaremos o preço do pão. Se a farinha não baixar, também não podemos baixar o preço do pão”, vincou.
Uma fonte do Ministério do Comércio confirmou a ANG que está em curso uma reunião com padeiros para se encontrar consensos sobre o braço-de-ferro a volta do preço de pão.
Os protestos de padeiros tradicionais surgem duas semanas depois do anúncio pelo Governo do consenso alcançado com padeiros e o importador de farinha de trigo, para a redução do preço de pão junto do consumidor. Entretanto os panificadores industriais estão a vender ao preço estipulado pelo o Executivo. ANG/O Democrata/lusa