EUA/Especialista da ONU ameaçada após publicar relatório sobre genocídio em Gaza
(ANG) – A especialista das Nações Unidas Francesca Albanese, que alegou haver “motivos razoáveis” para acreditar que Israel cometeu “actos de genocídio” em Gaza, admitiu quarta-feira ter recebido ameaças, mas disse que não pretende demitir-se.
“Tenho sido atacada desde o início do meu mandato” em 2022, disse a relatora especial da ONU para os territórios palestinianos ocupados, Francesca Albanese, numa conferência de imprensa, em Nova Iorque, sobre “actos de genocídio” em Gaza.
“Não estou a dizer que é agradável e às vezes recebo ameaças, mas até agora não necessitei de precauções adicionais”, afirmou a especialista, cujo mais recente relatório foi divulgado na segunda-feira.
Israel proibiu-a de entrar no seu território após declarações que, segundo as autoridades israelitas, negam o carácter antisemita do ataque do Hamas em 07 de Outubro.
A funcionária da ONU é apoiada por muitos países, mas está no centro de uma controvérsia, com alguns observadores a considerarem que as suas declarações à imprensa são por vezes demasiado polémicas.
A especialista, que é mandatada pelo Conselho dos Direitos Humanos mas não fala em nome da organização, afirmou estar sob pressão, mas assegurou que isso não altera a sua intenção de prosseguir as suas tarefas.
“Pode ser que decida retirar-me em algum momento, simplesmente porque também tenho uma vida privada que gostaria de desfrutar, mas não será porque fui demonizada ou maltratada”, explicou Albanese.
Para as autoridades de Israel, o relatório de Albanese faz parte de “uma campanha para minar o próprio estabelecimento do Estado judaico”, o que a especialista refuta.
“Não estou a questionar a existência do Estado de Israel (…) mas faço parte de um movimento que quer o fim do ‘apartheid’”, reagiu Albanese, assegurando que também condena o Hamas.
O ataque sem precedentes de 07 de Outubro do movimento islamita palestiniano em solo israelita desencadeou uma ofensiva terrestre e aérea israelita na Faixa de Gaza, onde a população está à beira da fome, segundo a ONU. ANG/Angop