Guiné-Bissau apresentou na UNESCO nova candidatura dos Bijagós a Património Mundial
(ANG) – O ministro do Ambiente , Viriato Luís Soares Cassamá, apresentou quarta-feira , em Paris, na sede da UNESCO, a candidatura de uma parte do arquipélago dos Bijagós a Património Mundial.
O ministro explicou em entrevista à RFI o que mudou e porque é que esta candidatura tem mais possibilidade de avançar na UNESCO.
“Durante estes 10 anos, tendo em conta as questões colocadas pela UNESCO, na qualidade quem avalia e aceita a candidatura a património mundial e cultural, nós tivemos nestes últimos 10 anos a fazer um trabalho de investigação profundo, a capacitação dos nossos quadros técnicos para futura gestão deste património, a implicação da comunidade local nas tomadas de decisão. Com base nas questões colocadas pela UNESCO, refizemos a nossa candidatura que hoje foi aqui entregue. A UNESCO sendo parceira apoiou em larga medida na investigação e formação dos nossos quadros e capacitação técnica de outros atores que vão ser implicados na gestão deste património“, declarou o ministro em entrevista à RFI.
Desta vez, das 88 ilhas que compõem este arquipélago ao largo da Guiné-Bissau, as autoridades decidiram candidatar o ecossistema aquático de três ilhas: João Vieira e Poilão, Orango e Urok. O arquipélago como um todo já é uma Reserva da Biosfera da UNESCO, mas esta qualificação como Património Mundial promete atirar a atenção do Mundo para esta região.
A candidatura foi entregue quinta-feira de manhã na sede da UNESCO, no Centro de Património Mundial, em Paris, que agrupa 1199 locais naturais e culturais no Mundo protegidos por esta organização internacional.
Caso esta candidatura seja aceite, será o primeiro local na Guiné-Bissau a receber esta distinção.
Em Paris, o ministro Viriato Cassamá falou sobre o arquipélago dos Bijagós, mas avançou outras possíveis candidaturas do país.
“A Guiné-Bissau é um país muito rico não só em termos de biodiversidade, mas também em termos de cultura. O nosso Carnaval é típico e muito nosso, porque não imaginar uma candidatura do nosso Carnaval? Temos a cidade de Cacheu que era o interposto e ponto de partida de escravos para as Américas, também podem pensar nessa candidatura. Temos sítios na região de Gabu que era um bastião do Império do Mali“, disse o ministro acompanhado do embaixador da Guiné-Bissau em França, Henrique Adriano da Silva e da Diretora do Instituto da Biodiversidade da Guiné-Bissau, Aissa Regala de Barros.
No caso de a candidatura dos Bijagós ser aceite, esta região pode potenciar o turismo em todo o país, sendo uma “relíquia” no continente africano.
“O arquipélago dos Bijagós é uma das relíquias do Mundo. São 88 ilhas e só 21 são habitadas, temos uma reserva natural que foi preservada ao longo dos tempo pelo saber fazer das comunidades locais. Temos de ter isso em conta. Com a graduação desta zona como Património Mundial, com certeza o arquipélago ficará mais conhecido e vai potenciar a vinda de muitos turistas e desenvolvimento económico na região“, declarou Viriato Cassamá.
De forma a garantir a preservação desta zona, será feito, segundo o ministro, um trabalho de acompanhamento dos pescadores locais, de forma a evitar a sobrepesca. Também a segurança neste arquipélago, com algumas ilhas remotas, é essencial e a Marinha guineense patrulha já a zona, com a ajuda de Portugal, com a possibilidade mais meios assim que haja a atribuição do estatuto de património mundial.
Este será um primeiro passo para a promoção do turismo e desenvolvimento sustentável na Guiné-Bissau, sendo agora preciso continuar a trabalhar com todos os guineenses para a valorização da sua cultura e dos seus ecossistemas.
“Se for aprovada a candidatura, o arquipélago dos Bijagós será o primeiro sítio considerado Património da UNESCO na Guiné-Bissau. Isso é muito importante e isso demonstra que estamos a pensar num desenvolvimento equilibrado, não só em termos económicos, mas pensamos na sustentabilidade disto tudo. Mas precisamos fazer uma promoção a nível nacional já que nem toda a gente sabe o que significa o Património Mundial nem a deposição da candidatura, mas precisamos trabalhar na sensibilização em geral e especialmente da comunidade autóctone da zona“, concluiu o ministro. ANG/RFI