Líbano/Hezbollah libanês reconhece “golpe severo” e promete “terrível castigo” a Telavive
(ANG) – O líder do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, reconhece “um golpe severo e sem precedentes“, acusa Israel de ter “ultrapassado todas as linhas vermelhas” e promete, em resposta, “um terrível castigo” a Telavive.
Numa intervenção transmitida em directo, quinta-feira a tarde, o líder do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, deu conta de “um golpe severo e sem precedentes” e acusou Israel de ter “ultrapassado todas as linhas vermelhas“.
O movimento islâmico libanês foi alvo de duas ondas de explosões mortais, direccionadas aos seus sistemas de transmissão, que causaram mais de 30 mortos e cerca de 3.000 feridos, entre terça e quarta-feira. Ataques sem precedentes atribuídos a Israel e que aumentam o receio de uma guerra em larga escala.
Hassan Nasrallah reconheceu que a sua organização, fundada em 1982, sofreu “sem dúvida“ um golpe muito duro e “sem precedentes na história da resistência no Líbano“, mas “não cairemos. Tornar-nos-emos mais fortes e prepararemos para enfrentar o pior“, acrescentou, enquanto a aviação israelita sobrevoava Beirute a baixa altitude, ultrapassando a barreira do som, durante o seu discurso.
Nasrallah prometeu “um terrível castigo” a Telavive e relembrou que a frente do Líbano com Israel permanecerá aberta até “o fim da agressão em Gaza“.
Dizemos ao inimigo que a frente libanesa [aberta para apoiar o Hamas] não cessará antes do fim da guerra em Gaza.
Já há quase doze meses que o dizemos, apesar de todos esses massacres, feridos e sacrifícios, eu digo: independentemente dos obstáculos e sacrifícios, a resistência no Líbano não cessará o seu apoio a Gaza, à Cisjordânia e à Palestina.
“O inimigo israelita tentou matar 5 000 pessoas em dois dias e em apenas um minuto de cada vez“, declarou. Segundo Nasrallah, essas explosões ultrapassaram “todas as leis e linhas vermelhas, sem consideração por qualquer coisa, nem no plano humanitário, nem no plano ético. Podem ser consideradas como crimes de guerra ou uma declaração de guerra“.
Poucos minutos antes da sua intervenção, o exército israelita anunciou que estava a atacar alvos do Hezbollah no Líbano, como parte de novos planos aprovados pelo estado-maior, com o objectivo de restaurar a segurança no norte de Israel.
Em entrevista a Neidy Ribeiro, Maria João Tomás, especialista em assuntos do Médio Oriente e investigadora da Universidade Autónoma de Lisboa, mostra-se céptica quanto a uma resposta dura por parte do Hezbollah, sublinhado que não interessa ao movimento escalar a guerra.
Primeiro foi uma coisa inédita, nunca ninguém tinha feito um ataque destes. Segundo, mostra a capacidade que a Mossad tem. Já quando foi da morte de [Ismaël] Haniyeh [morto a 31 de Julho, em Teerão, num ataque aéreo atribuído às forças israelitas] nós percebemos da capacidade que eles tinham.
Aqui também temos a questão de que facilmente vão conseguir identificar os membros do Hezbollah, porque os membros do Hezbollah que chegam aos hospitais têm ferimentos em sítios muito específicos.
Israel está à beira de invadir o Líbano para garantir que o norte de Israel tenha segurança e, portanto, enfraquece bastante e debilita bastante as capacidades do Hezbollah numa altura importante.
Questionada sobre as possíveis resposta a estes ataques, a investigadora diz que “vamos ter de esperar, para ver“: “Estamos todos à espera do ataque do Irão. Já estamos à espera também do ataque do Hezbollah. Não interessa ao Hezbollah escalar a guerra. Vamos esperar para ver. Não há prognósticos“.ANG/RFI