Moçambique/Partido Podemos apresenta queixa-crime contra dirigente do CDD
(ANG) – O partido Podemos submeteu nesta quinta-feira, junto da Procuradoria Geral da República, na cidade de Maputo, uma queixa-crime contra o director-executivo do Centro para a Democracia e Direitos Humanos. Estes exigem provas das acusações que o partido e o seu presidente terão recebido 219 milhões de Meticais, o equivalente a pouco mais de 3 milhões de Euros, para pararem com a sua luta pela verdade eleitoral.
“Acabamos de submeter aqui uma queixa-crime contra os últimos pronunciamentos do Professor Adriano Nuvunga porque alega que o Podemos e o presidente Forquilha receberam 219 milhões deMeticais para vender a verdade eleitoral. Requeremos ao professor Nuvunga que traga provas não só para o partido Podemos e o Presidente Forquilha mas também aos moçambicanos”, declarou este responsável político.
O partido que é agora o maior na oposição em Moçambique, com 43 deputados eleitos sobre um total de 250, nega a acusação proferida esta semana pelo dirigente do CDD.
“Acreditamos que a justiça vai funcionar porque o Professor Adriano Nuvunga difamou tanto o Presidente como também o partido Podemos porque esta é uma denuncia muito grave e sem provas”, acrescentou Duclésio Chico.
Na terça feira, o director-executivo do centro para a Democracia e Direitos Humanos CDD submeteu uma denuncia ao gabinete Central de Combate a Corrupção sobre o alegado recebimento por parte do Presidente do partido Podemos, Albino Forquilha, de 219 milhões de Meticais, pouco mais de 3 milhões de Euros, para parar com a sua luta pela justiça eleitoral.
Adriano Nuvunga que afirma ter obtido a “informação de pessoas que se dizem próximas a esta operação” refere nomeadamente que “tendo sido o pagamento em espécie, também é fácil de rastrear”.
Em causa está a crescente divergência entre o partido e o seu candidato presidencial, Venâncio Mondlane, que continua a contestar os resultados das eleições gerais de 9 de Outubro que o colocam em segundo lugar a seguir a Daniel Chapo, da Frelimo, oficialmente eleito Presidente com um pouco mais de 65% dos votos.
Na semana passada, o presidente do Podemos, Albino Forquilha, reconheceu a existência de divergências na “estratégia de luta” entre o partido e Mondlane. O Podemos que defende agora o fim das manifestações, deu posse aos seus deputados na segunda-feira e esteve presente na cerimónia de investidura de Daniel Chapo como Presidente nesta quarta-feira.
Recorde-se que o processo eleitoral manchado pela suspeita de fraudes massivas tem sido altamente contestado pela população, em particular os apoiantes de Venâncio Mondlane que clama ser “o Presidente eleito pelo povo“ e promete para breves “medidas governativas”.
A repressão das manifestações que pautaram estas últimas semanas, resultou em cerca de 300 mortos e mais de 600 feridos, de acordo com a Plataforma Eleitoral Decide, um dos organismos da sociedade civil que acompanhou o processo.ANG/RFI