Moçambique/ Renamo boicota retoma de trabalhos parlamentares
(ANG) – A retoma das sessões plenárias da Assembleia da República agendada para esta quinta-feira, (19), não deve contar com os deputados da Renamo.
O porta-voz da Renamo, José Manteigas, alega que o principal partido da oposição vai boicotar os trabalhos, em protesto contra os resultados provisórios divulgados das eleições autárquicas.
O país entrou num caos por conta da fraude eleitoral. Todo o país está a manifestar-se para repudiar esta fraude eleitoral. Nós, os deputados pela bancada parlamentar da Renamo, porque somos parte integrante dos moçambicanos, porque estamos lesados e todos exigimos a reposição da verdade eleitoral do dia 11, não vamos participar da sessão de abertura que vai iniciar esta quinta-feira”, afirmou José Manteiga.
O regresso da bancada parlamentar da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) vai depender do “comportamento” da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, porque esta força política é responsável pela adulteração dos resultados do escrutínio, aponta José Manteiga.
Os resultados provisórios dão vitória à Frelimo em 64 das 65 autarquias são “falsos”, aponta a Renamo, sublinhando que há “provas” de que a segunda força do país tenha vencido em “vários municípios”.
A Frelimo, partido no poder em Moçambique, já criticou o anúncio da Renamo, em boicotar o recomeço das sessões da Assembleia da República, defendendo que “o assento parlamentar deve estar ao serviço do povo”.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) admitiu na terça-feira, (17) receber cada vez mais relatos de irregularidades no apuramento dos dados das eleições autárquicas da semana passada. O porta-voz da CNE, Paulo Cuinica, promete ser “implacável” com os agentes eleitorais responsáveis por comportamentos ilícitos.
“Já na altura do apuramento nas mesas da assembleia de voto, os relatos de irregularidades avolumaram-se, constituindo verdadeiros ilícitos eleitorais”, disse o porta-voz da CNE, em conferência de imprensa, na sede da instituição, em Maputo, mas sem direito a perguntas.
Este órgão está a receber das comissões provinciais os dados do apuramento dos resultados, devendo o presidente da CNE anunciar os resultados do escrutínio até ao dia 26 de Outubro, por imperativo da lei.
O presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a terceira força parlamentar, exigiu , quarta-feira, que se faça uma recontagem dos resultados das eleições autárquicas, criticando a gestão feita pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
“É correto que se faça a recontagem dos resultados na base dos editais existentes”, defendeu Lutero Simango, durante uma conferência de imprensa em Maputo.
As sextas eleições autárquicas em Moçambique decorreram no passado dia 11 de Outubro em 65 municípios do país. Segundo resultados distritais e provinciais intermédios divulgados pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) nos últimos dias sobre 50 autarquias, a Frelimo venceu em 49 e MDM, na Beira.ANG/RFI