Mpox/ África CDC defende contenção de surto “a partir da fonte” no continente
(ANG) – O Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC) defendeu hoje a contenção da mpox “a partir da fonte” no continente, considerando, no entanto, que as restrições à mobilidade não devem ser opção.
“É nosso entendimento que, se contermos a doença a partir da fonte, vamos reduzir a sua propagação e poupar recursos (…). Se controlarmos os casos, reduz-se significativamente o alastramento da doença para outros países”, disse à Lusa o presidente do comité consultivo do África CDC para a região austral do continente, o moçambicano Eduardo Samo Gundo, no balanço da 7.ª sessão ordinária do organismo que terminou na noite de quinta-feira na capital moçambicana.
Na região austral de África, atualmente, a África do Sul, que faz fronteira com Moçambique, e a República Democrática do Congo (RDCongo), que faz fronteira com Angola e está classificada como um epicentro da doença, são os únicos países com casos positivos.
No caso da RDCongo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país regista cerca de 90% dos casos de mpox no mundo, já com o registo de mais de 600 mortes.
Na quinta-feira, as primeiras 100.000 doses da vacina contra o vírus mpox disponibilizadas pela União Europeia (UE) chegaram à RDCongo, com mais 100.000 previstas para os próximos dias, tornando o país africano o segundo a possuir as vacinas, depois da Nigéria.
“A África Central é o epicentro da mpox e a preocupação do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC) é que ela seja contida na fonte para evitar que se alastre mais em outros países”, declarou o presidente do Comité Consultivo Técnico Regional do CDC África, Eduardo Samo Gundo.
Embora o órgão sugira o reforço da vigilância fronteiriça, sobretudo entre os países ainda sem casos registados, o Comité Consultivo Técnico Regional do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças reitera que restrições à mobilidade não devem ser opção.
“Não se deve restringir viagens e nenhum país está a fazer isso”, lembrou o responsável, que é também diretor do Instituto Nacional de Saúde (INS) de Moçambique.
Desde janeiro e até finais de agosto, mais de 22.800 casos tinham sido registados em 13 países africanos, com destaque para a República Democrática do Congo (RDCongo), que, segundo a OMS, é o epicentro.
A monkeypox (mpox) é uma doença viral que se propaga dos animais para os seres humanos, mas que também pode ser transmitida entre seres humanos através do contacto físico, provocando febre, dores musculares e lesões cutâneas.
Esta é a segunda vez em dois anos que a doença infecciosa é considerada uma potencial ameaça para a saúde internacional, tendo o primeiro alerta sido levantado em maio, depois de a propagação ter sido contida e a situação ter sido considerada sob controlo.
A 7.ª sessão ordinária do África CDC juntou, em Maputo, por dois dias, peritos de diversos países que compõem a entidade, num encontro que, entre outros aspetos, visava alinhar estratégias face ao mpox. ANG/Inforpress/Lusa