Senegal/Eleitores à espera dos resultados das presidencias de domingo
(ANG) – A comissão eleitoral senegalesa tem até sexta-feira para publicar os resultados provisórios, antes da sua validação pelo Conselho Constitucional.
O opositor anti-sistema Bassirou Diomaye Faye está a liderar a contagem dos votos, de acordo com a imprensa e com as redes sociais, mas a candidatura do ex-primeiro-ministro Amadou Ba garante que haverá uma segunda volta.
Os resultados publicados pela imprensa e nas redes sociais colocam Bassirou Diomaye Faye diante do candidato do poder, Amadou Ba, primeiro-ministro há algumas semanas. A candidatura de Amadou Ba deverá pronunciar-se esta segunda-feira.
Pelo menos 7 dos 17 candidatos deram os parabéns a Bassirou Diomaye Faye e houve festejos dos seus apoiantes na capital. A direcção de campanha de Amadou Ba disse que essas manifestações foram prematuras, mas indicou que, “no pior dos casos”, ele estará na segunda volta.
Uma eventual vitória de Bassirou Diomaye Faye pode ser vista como “um sismo político”, de acordo com a agência France Presse. O candidato de 44 anos seria o mais jovem Presidente do Senegal. Após 11 meses de detenção, ele saiu da prisão dez dias antes das eleições.
Bassirou Diomaye Faye apresentou-se como “o candidato da mudança de sistema” e do “pan-africanismo de esquerda”. O seu programa baseia-se no restabelecimento do que chama “soberania” nacional que ele diz ter sido vendida ao estrangeiro. O candidato prometeu combater a corrupção, distribuir melhor a riqueza e renegociar contratos de mineração, gás e petróleo celebrados com empresas estrangeiras. O Senegal poderia começar a produzir gás e petróleo ainda este ano. Enquanto Bassirou Diomaye Faye prometeu a “ruptura”, o ex-primeiro-ministro Amadou Ba apresentou-se como o candidato da estabilidade.
As eleições são também acompanhadas com atenção a nível regional e internacional já que o Senegal é considerado como um dos países mais estáveis da África ocidental, abalada por golpes militares.
Dakar mantém relações fortes com o Ocidente, enquanto a Rússia reforça a sua influência na região. Porém, essa vitrina democrática foi manchada nos últimos três anos. O país de 18 milhões de habitantes teve episódios de turbulência desde 2021 devido ao braço-de-ferro entre Ousmane Sonko e o poder, conjugado com a tensão social e o suspense mantido pelo Presidente Macky Sall sobre a sua candidatura a um terceiro mandato.
Em três anos, houve dezenas de mortos em protestos e centenas de detenções.
Inicialmente previstas para 25 de Fevereiro, as presidenciais foram adiadas na sequência de uma crise política. O mandato de Macky Sall termina a 2 de Abril.
ANG/RFI