Senegal/”Sessenta por cento das estruturas sanitárias não funcionam devido a inundações catastróficas”, diz especialista
(ANG9 – O chefe da plataforma médica regional da ONG Médicos sem Fronteiras, Didier Mukeba, indicou, quinta-feira, em Dakar, que 60% das estruturas de saúde não funcionam na África Ocidental e Central por razões ligadas a inundações “catastróficas”.
“Estamos a viver uma situação dramática ligada a inundações catastróficas. Hoje, em África, todos os dados confirmam que 60% das estruturas de saúde não funcionam”, afirmou.
Didier Mukeba falou durante uma mesa redonda sobre o impacto humanitário e sanitário das inundações na África Ocidental e Central, com a participação de especialistas e jornalistas.
“As inundações, se não provocam a destruição das estruturas de saúde, destroem as estradas que levam a elas, tornando-as inoperantes”, afirmou o responsável dos Médicos Sem Fronteiras, acrescentando que o Chade, a Nigéria, a República Democrática do Congo, Mali e Níger são os países mais impactados.
O especialista indicou ainda que as necessidades no terreno são enormes, porque “só o Chade regista 1,4 milhões de pessoas deslocadas; a República do Congo 600.000”.
Nesta situação de inundações catastróficas, as clínicas móveis são substituídas por clínicas flutuantes, segundo o doutor Mukabe, que acrescenta que “crianças não vacinadas, mulheres grávidas, pessoas com doenças crónicas são potenciais vectores de epidemias”.
Presente na mesa redonda, a especialista em clima e saúde, Marie Jeanne Sambou, apelou ao estabelecimento “com urgência de um sistema de adaptação de medidas preventivas face a estes acontecimentos”.
“As ligações entre clima, saúde e alimentação são enormes e complexas. A perturbação climática leva à insegurança alimentar, porque assim que há problemas de inundações, vidas são perdidas, o gado morre”, destacou.
“Com as ondas de calor, as doenças não vetoriais intensificam-se e poderão sê-lo ainda mais no futuro”, alertou o especialista em clima e saúde.
Para lidar com o fenómeno, apelou à construção de estruturas de saúde resilientes e adaptadas a futuros eventos climáticos.
“Deixar de depender da eletricidade e instalar sistemas solares nas estruturas de saúde pode ajudar a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa”, sugeriu, por exemplo, a doutora Marie Jeanne Sambou. ANG/FAAPA