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Política/Acordo entre PRS e APU-PDGB revela “oportunismo político”, diz Diamantino Lopes

Política/Acordo entre PRS e APU-PDGB revela “oportunismo político”, diz Diamantino Lopes

(ANG) – Os partidos políticos  PRS e APU-PDGB assinaram um acordo político com o objetivo de concorrerem juntos às próximas eleições.

O Presidente do PRS, Fernando Dias, e o líder da APU-PDGB, Nuno Nabiam, reconheceram a importância desta aliança, após várias tentativas de aproximação, sublinhando que as duas formações têm a mesma base sociológica eleitoral. Em entrevista a RFI, Diamantino Lopes, analista político, considera que este acordo revela mais um episódio de oportunismo político.

RFI: Qual a importância do acordo político entre o PRS e a APU-PDGB?

Diamantino Lopes, analista político guineense: Representa a aproximação política entre duas forças que têm a mesma base identitária do ponto de vista étnico, geográfico. Depois há a questão do líder político Kumba Ialá que participou na formação do PRS e colocou Nuno Nabiam na arena política guineense.

Porque é que só foi feito agora?

O contexto político que se vive atualmente poderá ter influenciado, no entanto há uma “obsessão” que surpreende. Porque, recentemente, o PRS esteve numa relação de acordos com a coligação PAI-Terra Ranka, os partidos tiveram um acordo de incidência parlamentar para suportar o Governo, mas que não deu certo.

Os partidos [PRS e APU-PDGB] perceberam que o número de deputados obtidos nas últimas eleições legislativas, foram pouco expressivos. [Com este acordo] os partidos vão testar para ver o que vai acontecer.

O acordo de incidência de parlamentar feito entre o PRS e o PAI-Terra Ranka não resultou. De quem foi a culpa?

A queda do Parlamento e do Governo já era perspectivada antes da tomada de posse. Agora, o pagamento de seis mil milhões de francos CFA [a 11 empresários, através de um crédito a um banco comercial de Bissau] foi a gota que fez transbordar a água do copo. Todavia, a decisão de dissolver o Parlamento é ilegal, uma vez que não têm bases jurídicas constitucionais para o efeito.

Face a esta situação de ilegalidade, que validade tem este acordo?

O PRS, enquanto partido político, que fez parte dessa coligação, deveria ter uma posição diferente. O PRS nunca condenou a dissolução do Parlamento. Não obstante, sabe que se trata de uma decisão ilegal.

Quem é que sai a ganhar com este acordo?

Ninguém sai a ganhar. Só temos um perdedor que é o povo.

Se olharmos para os resultados das últimas eleições legislativas, o PRS elegeu 12 deputados e a APU-PDGB obteve um deputado. Quem vai ganhar? Nuno Gomes Nabiam?

Nuno Nabiam quer ser Presidente da República e o PRS, neste momento, não tem uma figura para assumir o cargo de chefe de Estado. Nabiam preenche muito bem esse espaço. Portanto, ambos ficam a ganhar. Os partidos vão-se juntar nas eleições legislativas [ainda sem data marcada] e nas presidenciais vão apoiar Nuno Gomes Nabiam. Porém, numa perspectiva política geral e social, temos um perdedor que é o povo. Certamente, o povo vai tomar uma decisão [no próximo escrutínio].

O próximo passo será uma aliança com o MADEM-G15? Como já anunciou o líder do PTG, Botche Candé….  

Pode ser. Uma aliança entre o PRS, APU-PDGB, MADEM-G15 e PTG. Temos duas variantes interessantes: o PRS e o APU-PDGB são partidos muitos próximos, étnica e geograficamente, as suas bases estão nas mesmas regiões. O PTG e o MADEM-G15 são a mesma coisa, tendo proximidade identitária étnica, exploram a mesma base política.

No entanto, vamos ter mais um problema para o futuro. Isto porque todos esses partidos são traidores e já provaram a negatividade na gestão pública do país. Já provaram que politicamente não são sérios, agem por conveniência. Os problemas do país não têm interesse, o essencial é solucionar os interesses do grupo, dos partidos. Esses partidos gerem o país como se fosse uma empresa.

Está a afirmar que há um certo oportunismo político?

Lógico que se trata de um oportunismo político. Estes partidos vivem da política. Não vivem para servir ao povo, mas para se servirem a si mesmos.

O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, falou numa decisão sábia. Que comentário lhe merece esta afirmação?

Quem vai sofrer muito com isso é Umaro Sissoco Embaló. Isto porque cada uma dessas figuras políticas tem uma agenda própria. Nuno Nabiam quer ser Presidente da República, Braima Camará pode espreitar essa possibilidade e até Botche Candé pensa nisso. Todos viram que é possível e quando chegar o momento D -as presidenciais- vamos ter uma história muito bonita para contar.

Portanto, a união desse grupo será, de certo modo, a explosão do mesmo grupo. Isto resulta dos interesses comuns e do ego de superioridade. O Presidente da República vive desse ego de superioridade e os outros já têm a noção de que isso é possível chegar onde Sissoco Embaló chegou. ANG/RFI

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