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Empreendedorismo / Jovem lança “Puder di Bentana” para combater insegurança alimentar

Empreendedorismo / Jovem lança “Puder di Bentana” para combater insegurança alimentar

(ANG) – Combater a insegurança alimentar, reduzir o êxodo rural e mitigar as mudanças climáticas são os grandes objectivos do “Puder di Bentana”, um projecto recentemente criado na Guiné-Bissau por Dembo Mané.

“Puder di Bentana” significa o “poder da tilápia” e traduz-se na produção, processamento e comercialização de tilápia,  peixe ciclídeo de água doce. 

Em Dezembro de 2023, através do Programa de Jovens Líderes Africanos, Dembo Mané participou da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, COP 28, que decorreu no Dubai. Esse foi o ponto de viragem para este empreendedor de 31 anos, que já tinha frequentado uma acção de reforço de competências em agro-negócio voltada para a piscicultura, promovida pelo Pnud, no Benim, em 2022.

Em entrevista à RFI, Dembo Mané explica que “é um projecto que visa essencialmente combater a insegurança alimentar, o êxodo rural e as mudanças climáticas. Surgiu após a publicação do relatório das Nações Unidas, dizendo que a insegurança alimentar aumentou no continente africano devido a guerra na Ucrânia e os desafios da Covid-19. Lançaram o desafio aos jovens africanos no sentido de apostarem no agro-negócio como uma alternativa às mudanças climáticas e à insegurança alimentar. E logo eu, enquanto jovem, decidi começar a pensar numa alternativa e de poder ajudar a minha comunidade a combater a fome, com base neste projecto que visa criar transformação e comercialização do peixe.”

A rampa de lançamento acabou por ser a COP 28, que aconteceu no final de 2023 no Dubai, Emirados Árabes Unidos. “Na COP foram abordados alguns assuntos ligados à alimentação, à agricultura e eu acho que é um desafio enorme. Após a minha participação, senti-me ainda mais motivado para poder fazer crescer o projecto, porque na COP tive a oportunidade de conhecer alguns parceiros e alguns jovens. Trocamos experiências e achamos que é importante cada um trabalhar na sua comunidade para poder impactar vidas e provocar mudanças.

Dembo Mané lembra que na sequência das alterações climáticas, aumenta a acidificação dos mares e, por isso, “a piscicultura é uma das alternativas. Fazer o cultivo dos peixes além do mar, para poder abastecer o mercado e combater a insegurança alimentar. Quando estamos a utilizar a piscicultura, não recorremos a nenhum componente químico e é também uma forma de reduzir a sobrepesca, a pressão dos oceanos, para que possamos ter mais comunidade saudável. Do outro lado, a insegurança alimentar, na minha aldeia, a comunidade não tem acesso aos recursos básicos para a sobrevivência e a minha comunidade não tem peixe de qualidade. Os peixes que lá consomem não são saudáveis. Eu acho que a produção de tilápia na comunidade poderá impactar e oferecer à comunidade peixes saudáveis, 100% bio que vão combater a insegurança alimentar. Porquê? Porque o peixe que nós estamos a cultivar, a tilápia, é uma das maiores fontes de proteína animal. Tem ómega três que reduz problemas cardiovasculares, é uma fonte de proteína. Consumir este produto poderá melhorar a qualidade de vida da população, porque é um produto 100% bio, muito saudável, muito acessível e de acordo com a possibilidade da própria comunidade.

A tilápia é comercializada fresca ou desidratada, em forma de farinha e passa por um processo laboratorial de controlo de qualidade.

O jovem guineense prepara-se agora para levar o projecto a Nova Iorque, Estados Unidos, onde vai participar na Cimeira do Futuro, vou participar como delegado jovem da Guiné-Bissau e da África para impulsionar a agenda em prol da juventude. Como é que a comunidade ou a juventude pode ser envolvida e como é que nós podemos influenciar agendas em prol da nossa comunidade? Porque o futuro depende da juventude, nós somos o presente e a continuidade. A minha participação é importante para poder dar mais força à minha geração, à minha juventude e ao meu país em geral.

A Cimeira do Futuro, um evento organizado pelas Nações Unidas, decorre de 22 a 23 de Setembro de 2024, em Nova Iorque, e reúne os líderes mundiais com o objectivo de desenhar um novo consenso internacional sobre como proporcionar um presente melhor e salvaguardar o futuro. O encontro de alto nível é precedido de múltiplas reuniões, entre elas, da juventude. ANG/RFI

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