
França/ Emmanuel Macron anunciou ameaça iminente da Rússia

(ANG) – Emmanuel Macron, Presidente francês, pronunciou uma alocução para sensibilizar os franceses perante o que está em jogo neste momento no xadrez mundial, onde a Rússia é uma ameaça e onde a Europa não pode, forçosamente, contar com os Estados Unidos.
Perante os franceses, numa alocução televisiva seguida por 15 milhões de pessoas, Emmanuel Macron decidiu abordar um dos temas da actualidade: a situação na Ucrânia, onde os ucranianos continuam a lutar contra a invasão russa.
Emmanuel Macron afirmou que a “ameaça russa” está já em território francês, porque não “há fronteiras” perante o perigo que representa a Rússia para a Ucrânia e a Europa.
Para o Presidente francês, este conflito é europeu, visto que ciberataques russos manipulam as eleições na Roménia e na Moldávia, organizam ataques contra os sistemas informáticos de hospitais e tentam manipular as opiniões com falsas notícias divulgadas nas redes sociais.
Este conflito também acaba por ser mundial para Emmanuel Macron visto que os Estados Unidos têm apoiado a Ucrânia, mas que, desde a chegada ao poder de Donald Trump, tende a baixar ou até a suspender os financiamentos para os ucranianos.
Para o chefe de Estado francês, a Europa tem de meter mãos à obra e ser independente relativamente às ajudas norte-americanas:
“O futuro da Europa não precisa ser decidido em Washington ou Moscovo. Um grande financiamento conjunto será decidido para comprar e produzir munições, tanques e armas em território europeu. Teremos que fazer novas escolhas orçamentais e investimentos adicionais que agora se tornaram essenciais. Isso exigirá reformas, escolhas e coragem. Temos capacidade de dissuasão nuclear. Isso protege-nos muito mais do que muitos dos nossos vizinhos. A nossa dissuasão nuclear protege-nos, ela é abrangente, soberana e totalmente francesa. Desde 1964, ela tem desempenhado explicitamente um papel na preservação da paz e da segurança na Europa. Mas, em resposta ao apelo histórico do futuro chanceler alemão (ndr: Friedrich Merz), decidi abrir o debate estratégico sobre a protecção proporcionada pela nossa dissuasão aos nossos aliados no continente europeu. Aconteça o que acontecer, a decisão sempre esteve e permanecerá nas mãos do Presidente da República, o chefe das forças armadas”, concluiu o Presidente francês.
Emmanuel Macron anunciou um investimento na defesa, mas sem aumentar os impostos, e também uma reunião na próxima semana, em Paris, com chefes de Estado-Maior dos países que estão disponíveis para assegurar uma paz na Ucrânia.
De notar que já houve várias reacções políticas à intervenção de Emmanuel Macron. Jordan Bardella, presidente do RN – União Nacional, partido de extrema-direita, ficou surpreendido por Emmanuel Macron ter “aberto os olhos sobre o facto deste mundo ser o mundo da força” e que para haver um futuro, a “França e a Europa têm de ser independentes” perante os “desafios que preocupam os compatriotas”.
Para Jean-Luc Mélenchon, presidente da França Insubmissa, partido de Esquerda, estamos num momento de “mudanças” em que já não se tem que seguir “os Estados Unidos” e que a “prioridade absoluta é a segurança das nossas próprias fronteiras nos cinco continentes”.
Quanto a Marine Tondelier, secretária da Europa Ecologia-Os Verdes, partido de Esquerda, ela nunca poderá estar “contra a defesa de uma democracia europeia”, mas como financiar essa “economia de guerra”? Para ela não será com o dinheiro dos “mais precários”.
Nesta quinta-feira, 06 de Março, os 27 chefes de Estado e de Governo dos países membros da União Europeia estão reunidos em Bruxelas, na Bélgica, para abordar os temas da defesa e da ajuda da Ucrânia. ANG/RFI