Guerra na Ucrânia/Coreia do Norte e Rússia reforçam aliança político-militar, em vésperas de eleições nos EUA
(ANG) – A Coreia do Norte enviou cerca de 10 mil soldados para treinar na Rússia, a informação foi confirmada esta segunda-feira 28 de Outubro pelo Departamento de Defesa norte-americano.
Algumas tropas norte-coreanas poderão já estar a deslocar-se para a frente de batalha na Ucrânia, de acordo com os serviços de inteligência da Coreia do Sul.
A cooperação com Moscovo poderá representar, para Pyongyang, “uma abertura ao mundo“, considera Álvaro Vasconcelos.
A aliança político-militar entre a Coreia do Sul e a Rússia, reforçada desde o início da invasão russa da Ucrânia em 2022, adquire uma nova dimensão com o envio de tropas norte-coreanas para combater no campo de batalha.
Numa altura em que Vladimir Putin procuradesenvolver e liderar uma possível aliança anti-ocidental, “Pyongyang tem todo o interesse em sair do seu isolamento”, analisa o especialista em relações internacionais Álvaro Vasconcelos. A Coreia do Norte é um dos países mais isolados do mundo, recorda o analista. Mantém relações com a China, “embora a China seja um aliado sempre crítico de algumas das ações da Coreia do Norte“.
Neste contexto, a Coreia do Norte tenta inserir-se nanova dinâmica internacional que a Rússia procura desenvolver de uma aliança anti-ocidental, contando nomeadamente com a China, o que daria a Pyongyang uma “abertura para o mundo“. De acordo com Álvaro Vasconcelos, o centro de gravidade desse objetivo de aliança anti-ocidental é, precisamente, a guerra na Ucrânia.
Por outro lado, ao reforçar a cooperação com Moscovo, a Coreia do Norte “não só se reforça militarmente“, como passa a contar, em troca, com o apoio militar da Rússia, o que “tem evidentemente um impacto muito grande“, diz Álvaro Vasconcelos. Uma das principais razões é a situação na península coreana, na fronteira com a Coreia do Sul.
“Seúl está extremamente preocupada com a possibilidade de a Coreia do Norte encontrar neste contexto e sobretudo, se Trump ganhar as eleições, uma oportunidade para criar tensões mais graves na fronteira com a Coreia do Sul“, explica o analista.
As eleições norte-americanas serão decisivas, já que é conhecida a proximidade entre Donald Trump e Kim Jong-Un, e entre Donald Trump e Vladimir Putin.
Se o candidato republicano à Casa Branca for eleito, “uma eventual aliança anti-ocidental, protagonizada por Putin e contando com Kim Jong-Un deixaria de ser vista como um problema” por Donald Tump para os Estados-Unidos, avança o investigador.
Em causa, estariam “as áreas onde a aliança liderada por Putin procura avançar, ou seja naUcrânia, na Geórgia, na Moldávia, no Sahel, e talvez no Médio Oriente“, analisa Álvaro Vasconcelos, que conclui: “Evidentemente que a estratégia de Putin seria favorecida, de uma forma claríssima, pela vitória de Trump“.
De acordo com cálculos da agência France-Presse, baseados nos dados fornecidos diariamente pelo Instituto para o Estudos da Guerra (ISW),Moscovo controla atualmente cerca de 18,2% do território da Ucrânia. ANG/RFI