Nova Iorque/ONU alerta para risco de mortes em Gaza por infecções por falta de água
(ANG) – A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou hoje para o risco iminente de mortes por infecções em Gaza por Israel só ter permitido o abastecimento de uma quantidade mínima de água desde o início da guerra com o Hamas.
Numa actualização da informação sobre a Faixa de Gaza, a ONU disse que Israel autorizou, até agora, o abastecimento de menos de 4% da água consumida pela população antes do início da guerra com o movimento islamita.
O risco de mortes por infecções “é iminente se a água e o combustível não forem imediatamente autorizados a entrar no enclave palestiniano”, afirmou o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA, na sigla inglesa).
Após o ataque sem precedentes do Hamas em território israelita, que provocou mais de 2.400 mortos no dia 07 de Outubro, Israel anunciou o corte no fornecimento de água, eletricidade e combustível à Faixa de Gaza.
Israel também tem bombardeado a Faixa de Gaza desde então, em ataques que causaram mais de 2.800 mortos, segundo as autoridades palestinianas.
O Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido, controla a Faixa de Gaza desde 2007.
Israel mantém o território de 2,3 milhões de habitantes cercado desde o ataque do Hamas e pediu a cerca de metade da população local para se deslocar para sul na antecipação de uma ofensiva terrestre.
A retoma do abastecimento de água foi feita especificamente na zona a leste da cidade de Khan Younis, no sul, onde os palestinianos continuam a chegar depois da ordem de evacuação do norte.
“Dado o colapso de praticamente todos os serviços de água e saneamento em Gaza, a população corre o risco de morrer de doenças infecciosas”, disse a ONU.
De acordo com organizações humanitárias, o combustível que os hospitais estão a utilizar para fazer funcionar os geradores que produzem uma quantidade mínima de eletricidade necessária para continuarem a funcionar irá esgotar-se nas próximas horas.
“Gaza está sob um apagão total pelo sexto dia consecutivo”, disse a ONU na actualização divulgada na cidade suíça de Genebra, citada pela agência espanhola EFE.
“Os hospitais estão à beira do colapso porque as reservas de gasóleo que utilizam para os geradores se esgotaram quase completamente, pondo em risco a vida de milhares de pacientes”, referiu.
O ponto de situação do OCHA confirma que se mantém o bloqueio à Faixa de Gaza e que o posto fronteiriço de Rafah continua fechado, apesar da expectativa de que iria ser aberto na segunda-feira.
Rafah liga Gaza à península egípcia do Sinai e é a única fronteira do território palestiniano não controlado por Israel.
O encerramento de Rafah impede a entrada de alimentos, água e medicamentos que as Nações Unidas colocaram no Egipto e que estão prontos para serem transportados e distribuídos em Gaza.
Os Estados Unidos têm estado a negociar com as partes relevantes no conflito a abertura de Rafah para permitir a saída de estrangeiros retidos em Gaza e a entrada da ajuda humanitária. ANG/Angop