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Presidente da República considera visita a Portugal motivo de orgulho e desvaloriza “protestos encomendados”

Presidente da República considera visita a Portugal motivo de orgulho e desvaloriza “protestos encomendados”

(ANG) – O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, considerou hoje “motivo de orgulho” a sua visita de Estado a Portugal e desvalorizou o manifesto de indignação de estudantes e trabalhadores guineenses, conhecido na véspera da deslocação.

O chefe de Estado guineense viajou hoje para Portugal para aquela que é a primeira visita de Estado de um Presidente da Guiné-Bissau ao país e, antes de embarcar, no aeroporto Osvaldo Vieira, em Bissau, falou da agenda oficial para terça e quarta-feira e reagiu ao protesto de guineenses que residem em Portugal.

Umaro Sissoco Embaló diz não se importar  com “as pessoas encomendadas e pagas”, que chamou de  “quatro ou cinco falhados”, quando questionado pelos jornalistas sobre o manifesto de ativistas, estudantes e trabalhadores guineenses em Portugal,  que acusam o Presidente e o Governo portugueses de “higienizar” a imagem de Sissoco.

Numa missiva dirigida ao Presidente da República, ao presidente da Assembleia da República e ao primeiro-ministro portugueses, o movimento Firkidja di Púbis, que congrega ativistas, estudantes e trabalhadores guineenses em Portugal, manifesta a sua “profunda indignação perante o apoio que o Estado português tem prestado a Umaro Sissoco Embaló”.

Os subscritores do manifesto criticam o fato de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa terem recebido Sissoco em Portugal, sem que o Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau se pronunciasse legalmente sobre o desfecho da segunda volta das eleições presidenciais em 2020.

“Não me importa”, foi a resposta que o Presidente Sissoco deu, em francês, aos contestatários, que diz que  “são guineenses falhados”.

“Em toda a sociedade há pessoas complexadas, todos os guineenses deviam orgulhar-se. Eu sou o primeiro Presidente da República da Guiné-Bissau que fará uma visita de Estado a Portugal, o que devia orgulhar à todos. Agora com as pessoas encomendadas e pagas, eu não me importo”, afirmou.

O chefe de Estado guineense destacou ainda o fato de ter sido convidado pelo homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, e de a Guiné-Bissau estar entre o número limitado de visitas que cada país promove por ano.

Para Umaro Sissoco Embaló , esta visita de Estado “demonstra que a relação entre a Guiné e Portugal está ao mais alto nível” e é “um sinal forte da relação entre países”.

“Isso mostra que cada vez estamos a cimentar, estamos a fazer uma relação entre Portugal e a Guiné-Bissau mais sólida. Esse é um dos meus objetivos, que me faz ir a Lisboa, à República irmã de Portugal”, enfatizou.

Durante os dois dias de agenda oficial, terça e quarta-feira, o presidente da Guiné-Bissau terá encontros com o homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o Primeiro-ministro, António Costa, e é recebido na Assembleia da República.

Questionado se a dificuldade de obtenção de vistos para Portugal estará sobre a mesa, disse que a questão é da competência do Governo, mas que exercerá influência no sentido de procurar melhorar , agilizar os processos.

Alertou, no entanto que “todos os países são soberanos” e, no caso de Portugal e do espaço europeu Schengen, “são fronteiras abertas, mas têm regras”, tal como acontece no espaço da CEDEAO”, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental.

“É uma preocupação minha, vamos manifestar interesse às autoridades portuguesas, como é que eles podem ajudar a agilizar, mas não é para impor nada”, indicou.

Outra questão que estará sobre a mesa é a dos ex-combatentes na guerra colonial.

O Presidente da Guiné-Bissau pretende discutir com as autoridades portuguesas uma forma de facilitar o acesso à reforma do ex-combatentes, que não têm possibilidade de se deslocar a Portugal para tratar o assunto.

Sissoco sugere uma solução através da embaixada de Portugal na Guiné-Bissau, “mesmo que seja uma coisa temporária, pontual, (que) mandem alguém para tratar da reforma deles”.

O chefe de Estado guineense salientou que esta solução “evitaria aquela emigração só para ir Portugal tratar deste processo”.ANG/Lusa

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