“O Hospital Regional de Canchungo funciona com médicos e enfermeiros residentes em Bissau e muitos não comparecem à tempo ao serviço”, diz Diretor- geral
(ANG) – O Diretor-geral do hospital regional de Canchungo “Buota Na Fantchamna” revelou que o estabelecimento sanitário funciona com médicos e enfermeiros com residência fixa em Bissau o que esta situação tem reflexos negativos no funcionamento deste hospital.
Estevão Malú fez a revelação em entrevista ao Jornal Nô Pintcha, e pediu a intervenção do governo para , o mais rápido possível, acabar com esta situação que diz, configurar uma “anarquia”.
“Cada um faz o que bem lhe apetece e ninguém quer ser advertido. Estamos à beira do colapso, caso a situação não for solucionada”, diz Malú.
O hospital regional de Canchungo dispõe de 11 médicos, 27 enfermeiros e quatro analistas, mas todos eles com residências fixas em Bissau”, lamentou.
De acordo com Estevão Malú, esta situação reflete negativamente no funcionamento do hospital, porque, momentos houve em que alguns não conseguem comparecer ao serviço, e Malú diz que estas ausências têm sido recorrentes.
“Estamos a trabalhar num regime bastante pesado e sobrecarregado. Digo isso, porque mais de metade desses técnicos não moram em Canchungo, de maneiras que é difícil residir na capital e trabalhar no interior, sobretudo num pais onde as estradas apresentam péssimas condições sem falar dos imprevistos, portanto, o melhor é residir na zona onde foi colocado”, disse.
Malú prossegue dizendo que essa atitude de alguns técnicos colide com a ética e deontologia profissional, o que diz ser inaceitável.
Disse que é preciso disciplinar a Administração Pública no seu todo, e que sem isso, será difícil falar do progresso e do desenvolvimento em todos os setores.
Segundo o diretor-geral, a falta de responsabilização está a corroer a Função Pública e incentivar a corrupção ao mais alto nível, pelo que defende a aplicação de sansão às pessoas que, sistematicamente, ausentam-se nos seus postos de serviços.
“A situação deplorável em que se encontra alguns hospitais e centros de saúde do interior é por falta de controlo rigoroso dos recursos humanos a nível da Administração Pública. Os técnicos levam mais horas de serviços nas clinicas privadas, um comportamento que está a prejudicar o serviço público de saúde”, denunciou.
Nesta entrevista concedida ao jornal Nô Pintcha, o diretor-geral do hospital regional Bouta Na Fantchamna falou sobre a falta de meios e segurança, e revelou que se deparam com enormes dificuldades em termos de funcionamento.
“Além de insuficiência de pessoal técnico, também confrontamos com a falta de colchões, materiais hospitalares, medicamentos e a luz elétrica, essa última tem a ver com a dívida que a antiga direção contraiu com o dono do gerador que fornecia energia ao hospital.
Além dessa situação, contou que têm dificuldades relacionadas com o abastecimento regular de água potável, aliás, houve tempo em que o hospital ficou oito meses sem água. Para sanear a situação a direção adquiriu um gerador com capacidade de abastecer todo o hospital, porque têm equipamentos que a energia gerada por painéis solar não consegue arrancar.
“Acresce a esses condicionalismos a situação de casas de banho que estão quase disfuncionais, devido à falta de meios para sua manutenção, isso para não falar do edifício do hospital que está numa fase avançada de degradação, com as paredes escombradas e a pintura totalmente envelhecida.
Malú disse que há uns meses, o Projeto Saúde é a Vida doou uma quantidade de baldes de tintas de óleo, orçado em mais de 587 mil francos CFA para reabilitar a pediatria.
Sobre a questão de segurança, o diretor-geral disse que algumas pessoas transformaram o hospital no local de furto e, em consequência, vários materiais hospitalares foram subtraídos, nomeadamente colchões, portas, janelas, entre outros.
De acordo com aquele responsável, a direção não tem condição para garantir a segurança, e os malfeitores se aproveitam dessa situação, ao calar da noite, para praticar roubo. O mais caricato, diz, é que alguns pacientes, ao receberem alta, embrulham cobertores e outros materiais e levam para casa.
Em relação à capacidade do hospital de resposta aos desafios sanitários, Estevão Malu assegurou que a maioria dos materiais ali instalados já estão fora de uso.
A título de exemplo apontou o aparelho de ecografia, que, segundo disse, para fazer leitura dos resultados são obrigados a escrevê-los à mão, uma prática que diz estar em desuso.
Segundo Estevão Malú, com esses velhos aparelhos, os médicos levam horas e horas a espera dos resultados de análises para poder concluir os diagnósticos. ANG/ Nô Pintcha