Cabo Verde-Independência/ Cabo-verdianos almejam desenvolvimento mais “robusto” e qualidade de vida para todos
(ANG) – Cidadãos de diferentes gerações consideraram hoje que, após 49 anos de Independência, Cabo Verde continua a afirmar-se, porém, “não fossem rixas e interesses políticos”, poderia potenciar um desenvolvimento mais “robusto”, permitindo melhores condições de vida às pessoas.
Esse sentimento foi manifestado à Inforpress por diferentes pessoas, tanto residentes na cidade da Praia como em outras ilhas e também imigrantes, quando abordados sobre o percurso de Cabo Verde nestes 49 anos enquanto país livre e independente.
Nessa ronda, uns a contar 59, 60, 70 e mais anos, orgulham-se de Cabo Verde enquanto país independente, considerando o 05 de Julho de 1975, Dia da Independência Nacional, um “marco indelével” na história do povo cabo-verdiano que simboliza, conforme salientam, “o esforço, a luta, sangue e suor” de várias gerações que “jamais deve ser esquecido”.
Lourenço Fortes, para quem Cabo Verde vai se afirmando no “palco das nações” como país de referência, desenvolvendo-se a “todos os níveis”, não obstante os choques externos que mexem, conforme analisou, com a frágil economia cabo-verdiana, disse que se deve regozijar com o fomento do turismo, como motor do desenvolvimento, a indústria pesqueira, o artesanato, a música, nomeadamente a morna que se elevou à categoria de património cultural da humanidade.
“Tudo isto dá a Cabo Verde uma certa projecção, a partir da Independência Nacional e, não obstante as nossas fragilidades, Cabo Verde vai avançando a passos significativos para o desenvolvimento, fruto do empenho e dedicação daqueles que deram o seu sangue e até mesmo as suas vidas para que hoje estivéssemos neste patamar. Viva a Independência Nacional!”, acentuou.
Também para Henrique Rajada valeu a pena esta conquista porque, conforme frisou, permitiu ao país traçar o seu próprio destino, desenvolver-se, não tendo nada a ver com Cabo Verde de 1975, apesar de alguns aspectos “menos conseguidos”.
Conta que, aquando do acontecimento histórico, tinha ele 10 anos de idade e viajava pela primeira vez, do interior para a Praia, lembrando-se bem de alguns episódios.
“É uma data histórica, marcante. Lembro-me de aviões a soltarem panfletos por cima do Estádio da Várzea, muita movimentação de pessoas e militares. Nós os mais pequenos, vindos do interior, sentimos medo dessa movimentação”, recordou com sonoras gargalhadas.
Percorridos 49 anos, Rajada disse que gostaria de ver melhorada, por exemplo, a política agrícola, dando mais atenção ao sector.
“Não sei o que este Governo faz com o dinheiro. Mas se tivéssemos pelo menos cinco depósitos de água em Santiago, o problema a nível da agricultura seria resolvido em parte”, imaginou, pedindo também mais e melhor atenção ao sector das pescas.
“O nosso mar tem muitos peixes, mas não temos peixes para consumir cá dentro, devido ao acordo com a União Europeia que determina as condições de acesso aos navios da União Europeia na Zona Económica Exclusiva de Cabo Verde. O peixe lá onde está tínhamos que ter tecnologia avançada para isso”, ponderou em tom de lamento.
Reconhecendo o valor de um país livre e independente, Celina Lopes, imigrante em Portugal, de férias em Cabo Verde, realçou aspectos que considera “muito positivos” como a paz social, estabilidade política, funcionamento das instituições, nomeadamente, Presidência da República, Governo, Supremo Tribunal, bem como o desencravamento de povoados isolados, a construção civil com mão de obra que emprega “grande número” de pessoas, o fomento do ensino superior, entre outras vertentes.
“Mas não obstante estes ganhos ainda há sectores com muitas carências, nomeadamente, nos transportes aéreos e marítimos onde estamos a viver um momento crítico a nível nacional, o desemprego na camada jovem, precisamos de mais especialidades na área da saúde… porém, situações próprias de qualquer país no limiar de desenvolvimento em que Cabo Verde se encontra”, considerou.
A mesma fonte disse acreditar, entretanto, na capacidade dos governantes, onde cada um pode “colocar a sua pedra” na construção deste país.
ANG/Inforpress