França/Chefes da diplomacia francesa e alemã em visita simbólica à Síria
(ANG) – Os chefes da diplomacia francesa e alemã reúnem-se, esta sexta-feira, em Damasco, com o líder sírio Ahmad al-Chareh, naquela que é a primeira visita a este nível de responsáveis das principais potências ocidentais às novas autoridades sírias.
Jean-Noël Barrot e Annalena Baerbock sublinharam a necessidade de uma transição pacífica e inclusiva.
Os chefes da diplomacia da Alemanha e de França chegaram esta sexta-feira, de manhã, com uma “uma mensagem clara para os sírios”. A ministra alemã, Annalena Baerbock, resumiu que a visita com o homólogo francês, Jean-Noël Barrot, acontece “sob mandato da União Europeia” e que “um novo começo político entre a Europa e a Síria é possível”. Por outro lado, Annalena Baerbock sublinhou que se pretende apoiar a “transferência de um poder inclusivo e pacífico”, tendo em vista “a reconciliação e reconstrução” do país.
O primeiro local visitado pelos dois políticos foi a prisão de Saydnaya, perto de Damasco, o símbolo do horror e da repressão em massa do deposto Presidente Bachar al-Assad onde um número ainda desconhecido de pessoas morreu sob a tortura.
Annalena Baerbock e Jean-Noël Barrot vão reunir-se com Ahmad al-Chareh, líder da coligação dirigida pelo seu grupo islamista radical Hayat Tahrir al-Sham, que acabou, a 8 de Dezembro, com as cinco décadas de poder da família Assad.
Face ao desafio de unir o país, Ahmad al-Chareh prometeu dissolver as diferentes facções armadas, nomeadamente o seu grupo. Disse, ainda, querer convocar um diálogo nacional, sem anunciar data nem participantes, e que organizar eleições poderá levar até quatro anos. Pediu, também, o fim das sanções internacionais que tinham sido impostas depois da repressão dos protestos de 2011 e consequente guerra que fez mais de meio milhão de mortos e a fuga de milhões de habitantes.
Vários responsáveis políticos de países árabes e ocidentais têm ido a Damasco desde a queda de Bachar al-Assad. O novo poder dá sinais de uma vontade de mudança na política da Síria, aproximando-se da Turquia e do Qatar e esboçando também aberturas ao Ocidente. Os anteriores principais aliados eram a Rússia e o Irão.
Este mês, a França deve ser palco de uma reunião internacional sobre a Síria, depois de uma reunião similar em Dezembro de ministros e responsáveis americanos, europeus, árabes e turcos. ANG/RFI