França/Dominique Pelicot condenado a 20 anos de prisão
(ANG) – Dominique Pelicot, o homem que drogou e violou, em grupo, a esposa durante uma década, foi condenado, esta quinta-feira, a 20 anos de prisão pelo crime de violação agravada.
Os restantes 50 arguidos foram declarados culpados por violações e agressões sexuais.
Dia histórico em Avignon, esta quinta-feira, com o final do julgamento que se tornou no símbolo das violências sobre as mulheres e que começou há quase quatro meses.
Dominique Pelicot, de 72 anos, foi condenado à pena máxima para este tipo de crime em França, 20 anos de prisão. O ex-marido de Gisèle Pelicot nunca negou ter drogado com ansiolíticos a vítima durante uma década (entre 2011 e 2020) para ser violada por ele e por dezenas de desconhecidos recrutados na Internet.
Os restantes 50 arguidos, com idades entre os 27 e os 74 anos, foram todos declarados culpados, mas com penas inferiores ao que tinha sido pedido, que vão de três (incluindo dois de pena suspensa) aos 15 anos de prisão. O tribunal condenou nomeadamente quatro arguidos, considerados culpados de violação ou tentativa de violação, a uma pena de cinco anos, parcialmente suspensa. O tribunal marca uma clara diferença entre Dominique Pelicot, com a pena máxima, e os outros arguidos. A segunda maior pena é de 15 anos para Romain V., que foi seis vezes a casa de Gisèle para a violar e era seropositivo. As outras penas mais pesadas, de 13 anos de cadeia, foram para Charly A., Jérôme V. e Dominique D. que também foram seis vezes à sua casa para a violar. A menor pena foi de três anos de prisão, com dois de pena suspensa, para Joseph C, condenado por agressões sexuais.
Os 18 arguidos que já estavam detidos, continuam atrás das grades. Dos 32 que compareciam em liberdade, foram emitidos 23 mandados de prisão com efeito imediato e três com efeito diferido devido ao seu estado de saúde. Seis saem em liberdade porque a pena pronunciada é coberta pela detenção provisória já efectuada.
O julgamento é histórico devido à atrocidade dos factos denunciados e vividos por Gisèle Pelicot, mas também devido ao número de arguidos, à duração do julgamento e à dimensão e impacto internacional do caso que foi acompanhado por 180 meios de comunicação social, quase uma centena estrangeiros.
Gisèle Pelicot, de 72 anos, tornou-se num símbolo de coragem por ter aceitado que todos pudessem assistir ao julgamento para que o tema das violações sexuais deixasse de ser silenciado. Ela passou de vítima anónima a ícone feminista que pede às mulheres para nunca mais se calarem. E, por isso, esta manhã, em frente ao tribunal, numa faixa pendurada nas muralhas da cidade, podia ler-se a frase “Obrigado Gisèle”.
Em França, por ano, 200.000 mulheres apresentam queixa por violação, tentativa de violação e agressões sexuais. O jornal francês Libération titulava em manchete, hoje, “um veredicto para o futuro” para acabar com “a banalização das violações” e o diário La Provence escrevia “é a hora da verdade”. ANG/RFI