Liga Guineense dos Direitos Humanos apela ao Presidente da República a exonerar filha do cargo de conselheira
(ANG) – A Liga Guineense dos Direitos Humanos(LGDH) apelou quarta-feira ao Presidente da República Umaro Sissoco Embalo, a exonerar filha do cargo de conselheira.
Em entrevista à RFI, Gueri Gomes Lopes disse “Não há nenhum texto de lei que impeça o Presidente da República nomear a sua filha, Mas, em termos de ética, é grave. E, por outro lado, o Chefe de Estado tem tido sempre pronunciamentos contra essa questão de nepotismo.
Lembrou que Umaro Sissoco Embaló tem criticado bastante os dirigentes das outras formações políticas sobre a questão da nomeação com base em nepotismo e agora, vendo ele a nomear a sua própria filha, isso contraria tudo aquilo que têm sido as suas declarações e põe em causa a própria credibilidade da Presidência da República”, considera este membro da LGDH.
Formada, de acordo com o seu perfil, em governação global pela Universidade de Birkbeck em Londres, e em Gestão pelo ISCTE em Lisboa, Suzana Sissoco Embaló exerceu, segundo a mesma fonte, o cargo de assistente administrativa no Ministério guineense dos Negócios Estrangeiros, entre Maio de 2022 e Outubro de 2023, sendo agora conselheira especial do Presidente da República.
Ainda segundo o mesmo perfil, antes de ser nomeada conselheira, Suzana Sissoco Embaló, acompanhou o pai na visita que ele efectuou à China em meados de Julho. Antes disso, está referenciada na mesma rede que fez parte da delegação da Guiné-Bissau na cimeira África-Coreia em Junho.
O estatuto que tinha na época a filha do Presidente também é motivo de questionamentos do ponto de vista de Gueri Gomes. “Independentemente desta nomeação, nós já sabíamos que o Presidente, tem viajado antes da nomeação com a sua filha em missões usando fundos do Estado, sem nenhuma justificação. Essa nomeação vem só formalizar aquilo que é tendência doPresidente da República deter à sua filha e de permitir a sua filha puder, em certo momento, representar o Estado da Guiné-Bissau”, diz o activista.
Gueri Gomes Lopes refere, noutro aspecto, que as comptências da filha do Presidente também não estão em causa. “Há várias pessoas com competência para tal (ser conselheiro especial). Porque é que o Presidente não propunha nomear esses cidadãos? Nós assistimos o Presidente da República a nomear ou a exercer influência para a nomeação da sua filha. Mas isso aconteceu em outras instituições, não na própria Presidência da República. E o Presidente da República actual ultrapassou esses limites. Para nós, mostra pouca seriedade da parte do Presidente da República” considera o militante dos Direitos Humanos.
“É tempo de o Presidente reconsiderar essa nomeação, exonerando a sua filha dessa função, permitindo que a Presidência da República, enquanto instituição, tenha uma certa credibilidade junto dos cidadãos. Porque um dos aspectosnegativos de nepotismo é de desacreditar a própria instituição. Quem vai acreditar que a filha do Presidente da República estará em melhores condições de poder aconselhar o Presidente da República ou de exercer essas funções junto com o Pai?”, conclui o porta-voz da LGDH.ANG/JD/ÂC