ONU/Sudão enfrenta “uma das piores catástrofes humanitárias de que há memória recente”
(ANG) – O Sudão, depois de quase um ano de guerra civil, está a conhecer “uma das piores catástrofes humanitárias” da história recente, alertou hoje uma responsável da ONU denunciando a ausência de resposta da comunidade internacional.
“De todos os pontos de vista, a dimensão das necessidades humanitárias, o número de pessoas deslocadas e ameaçadas de fome, o Sudão é uma das piores catástrofes humanitárias de que há memória recente“, disse quarta-feira, no Conselho de Segurança Edem Wosornu, do gabinete operações humanitárias da ONU naquele país, ao denunciar o que qualificou de “abandono” internacional do povo sudanês.
Estas declarações surgem poucos dias depois da ONU ter reclamado um acesso sem entrave dos trabalhadores humanitários ao país, onde a população está à mercê de uma guerra iniciada em Abril do ano passado entre o exército do general Abdel Fattah al-Burhane e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido do general Mohammed Hamdane Daglo, antigo número dois do poder. Um conflito que provocou milhares de mortos e mais de oito milhões de deslocados, segundo a ONU.
A este balanço acrescentam-se também cerca de 18 milhões de sudaneses que enfrentam uma situação de insegurança alimentar grave, as Nações Unidas estimando que 5 milhões de pessoas “poderiam resvalar para uma situação de insegurança alimentar catastrófica em certas partes do país nos próximos meses”.
Na semana passada, a ONU reiterou o apelo à mobilização internacional a favor do Sudão, referindo que tinha angariado até ao momento menos de 5% dos 2,7 mil milhões de dólares necessários para responder a esta situação.
Os Estados Unidos entretanto anunciaram uma nova ajuda humanitária de 47 milhões de dólares, mas ela vai ser canalizada para os países vizinhos do Sudão, nomeadamente o Chade e o Sudão do Sul, de forma a ajudar a acolher os refugiados sudaneses.
Refira-se ainda que no passado dia 13 de Março a ONG ‘Save the Children’ avisou que a insegurança alimentar é um risco que se pode estender no longo prazo neste país, dado que a guerra impossibilita o cultivo da terra. “A ausência de época agrícola no ano passado, significa que não há alimentos hoje. Se não se semeia hoje, significa que não há comida amanhã”, preveniu a organização humanitária.ANG/RFI