
Polónia/Karol Nawrocki vence presidenciais com margem estreita

(ANG) – O candidato conservador Karol Nawrocki foi eleito presidente da Polónia Domingo (01), obtendo uma vitória por margem estreita sobre o actual presidente da câmara de Varsóvia Rafał Trzaskowski.
A votação destacou diferenças significativas no apoio político entre regiões urbanas e rurais do país.
Karol Nawrocki venceu as eleições presidenciais, à segunda volta, com 50,89% dos votos, contra 49,11% para Rafał Trzaskowski. A participação eleitoral ficou em cerca de 69%, um dos níveis mais elevados das últimas décadas. A votação revelou uma divisão clara com Nawrocki a obter maior apoio nas regiões do leste e centro do país que são áreas mais rurais e conservadoras, enquanto Trzaskowski ganhou nas grandes cidades e nas regiões ocidentais, que apresentam perfil mais urbano e liberal.
Karol Nawrocki contou com o apoio do partido Lei e Justiça (PiS), de orientação conservadora, que mantém ligações estreitas com movimentos de direita nacionalista nos Estados Unidos, incluindo figuras associadas à administração Trump.
Entre os principais temas da campanha esteve a legislação sobre o aborto. A Polónia possui uma das leis mais restritivas da Europa, e Nawrocki declarou-se contra a sua flexibilização. Trzaskowski, pelo contrário, manifestou apoio à liberalização parcial da lei.
Outro tema em debate foi o apoio da Polónia à Ucrânia, com o, agora, novo presidente a afirmar-se favorável à assistência militar, mas contrário à adesão da Ucrânia à NATO.
A eleição do líder dos conservadores insere-se num contexto de coabitação política, uma vez que o governo é liderado por uma coligação pró-europeia. A Constituição polaca permite ao presidente vetar leis aprovadas pelo parlamento, o que pode dificultar a implementação de reformas sociais e judiciais planeadas pelos deputados.
Contactado pela RFI Samuel Pereira cidadão luso-polaco a viver na Polónia analisou a situação do país :
“Hoje vive-se um clima de espera na Polónia. O que é que vai acontecer? Também espera no campo governante que recupera da sua derrota. Rafael Jaskovski autoproclamou-se presidente da República da Polónia e a sua mulher primeira dama. Afinal aconteceu de outra maneira, ao contrário, e agora as autoridades estão em choque.
Penso que os polacos simplesmente convivem entre si e aí também aprenderam. Claro, algumas vezes com tensão e há discussões, mas tendo pontos de vista diferentes. Penso que é mais uma lenda que já tem anos, mas que na realidade não traz nada de perigoso, não traz nada que possa realmente atingir as pessoas. Desta vez a maioria dos votantes queria mostrar também um cartão amarelo ao governo ao fim de um ano e meio e assim o fez. A percentagem não é muito alta, mas o número absoluto das pessoas que votaram é máximo na história das eleições presidenciais, foi mais do que de 10 milhões de pessoas. Para já, parece-me que não tiraram ainda lição. Vamos ver, é o primeiro dia. Se não se tira lição, é o caminho direito para as eleições antecipadas, de certeza, porque vai aparecer uma forma de estrago dentro da coalição.”ANG/RFI