
RDC/ M23 anuncia cessar-fogo por “razões humanitárias”

(ANG) – O grupo M23, apoiado pelo Ruanda, anunciou um cessar-fogo por “razões humanitárias”, após combates, desde dia 26 de Janeiro, e que tiraram a vida a centenas de pessoas e obrigaram milhares a deslocarem-se.
O anúncio do M23 acontece a poucos dias de uma cimeira na Tanzânia, onde os líderes regionais se vão reunir para tentar acabar com este conflito no leste da República Democrática do Congo (RDC).
A República Democrática do Congo enfrenta um conflito armado, sobretudo na região leste do país, nomeadamente no norte e sul Kivu, onde o grupo M23 tem avançado e controlado áreas estratégicas, incluindo a cidade de Goma. Este grupo, composto predominantemente por tutsis congoleses e com o apoio de Ruanda, tem sido uma peça central no conflito armado, que tem resultado em centenas de mortos e milhares de feridos. As Nações Unidas alertam que o número de vítimas pode ser maior, com centenas de milhares de pessoas forçadas a fugir dos combates.
O M23 anunciou esta terça-feira, 4 de Fevereiro, um cessar-fogo, que entrará em vigor a partir de hoje, justificando “razões humanitárias”. Segundo a liderança do grupo, a trégua pretende aliviar a crise humanitária que se agrava com os intensos combates. O M23 acusou o exército congolês de bombardear áreas que estão sob o seu controlo, o que, segundo o grupo M23, teria agravado a situação para os civis.
Este cessar-fogo é incerto, uma vez que não houve confirmação se o governo da RDC de Félix Tshisekedi iria respeitar as tréguas. As tensões têm vindo a crescer nos últimos dias entre o governo congolês e o M23, que é acusado de tentar desestabilizar a região. O M23 reiterou que o objectivo não é expandir o controlo para Bukavu, cidade chave na região, mas proteger a população tutsi, que, segundo o grupo, tem sido alvo de ataques sistemáticos.
O anúncio do cessar-fogo acontece a faltarem poucos dias de uma cimeira crucial na Tanzânia, onde líderes da Comunidade da África Oriental (EAC) e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) se vão reunir para tentar encontrar uma solução para o conflito. A reunião, que acontece na sexta-feira e sábado, 7 e 8 de Fevereiro será um momento para alinhar as abordagens das duas organizações regionais. A EAC defende negociações directas entre o governo congolês e o M23, enquanto a SADC, que apoia o governo de Kinshasa, exige a retirada das forças do Ruanda do território congolês, uma condição fundamental para o fim das hostilidades.
A presença do presidente ruandês, Paul Kagame, está confirmada, e a participação de Félix Tshisekedi ainda é incerta, já que ele ainda não anunciou se estará presente fisicamente ou participará remotamente. A cimeira é vista como um passo importante no esforço diplomático para evitar a escalada do conflito.ANG/RFI