
Rússia/BRICS criticam “inacção” da ONU no Médio Oriente em guerra

(ANG) – O último dia da cimeira dos BRICS, em Kazan na Rússia, ficou marcado pelas intervenções dos presidentes chinês, russo e iraniano sobre a necessidade de por um fim à guerra no Médio Oriente.
Antes de um encontro muito esperado com o Vladimir Putin, António Guterres apelou a uma “paz justa” na Ucrânia.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, deslocou-se a Kazan, na Rússia, onde deve se encontrar hoje com Vladimir Putin pela primeira vez desde 2022. Face ao presidente russo e antes de se encontrarem, à margem da cimeira dos BRICS, António Guterres apelou a uma “paz justa“ na Ucrânia, onde as tropas russas continuam a avançar a Leste do país, depois de 32 meses de guerra. Momento depois, Vladimir Putin tomou a palavra, alegando ser “ilusório” imaginar uma derrota russa no campo de batalha.
Com esta cimeira dos BRICS a decorrer em território russo, Vladimir Putin, actualmente sob mandado de detenção internacional, procura mostrar que não está isolado face ao bloco ocidental, reunindo líderes de economias emergentes para discutir a gestão dos assuntos internacionais.
Os líderes da China, do Irão, da Africa do Sul, mas também da Autoridade palestiniana encontram-se na cimeira do grupo dos países emergentes que agora conta com a Etiópia, o Irão, o Egipto e os Emirados Arabes Unidos, para além da Africa do Sul que integrou o grupo em 2010, juntando-se à Rússia, à India, à China e ao Brasil.
Neste último dia da cimeira, o presidente chinês Xi Jinping vincoua necessidade de os países emergentes constituírem uma “força estabilizadora para a paz“, nomeadamente no Médio Oriente, apelando os seus homólogos a “fazer pressão para alcançar um cessar-fogo em Gaza, relançar a solução dos dois Estados e impedir a propagação da guerra ao Líbano“.
Por sua vez, o presidente iraniano Massoud Pezeskhian criticou a “ineficácia“ da ONU na contenção da guerra em Gaza e no Líbano, depois de o chefe da diplomacia iraniano ter considerado como um “desastre” a inacção da ONU, instituição internacional já criticada como sendo “disfuncional” pelo porta-voz da diplomacia de Teerão.
Face a cerca de vinte dirigentes, Vladimir Putin alertou que o Médio Oriente “está à beira de uma guerra total” e apelou à criação de um Estado palestiniano.
A Rússia, historicamente aliada de Israel onde vive uma importante diáspora russa, reforçou nos últimos meses a relação com o Irão, inimigo de Telavive, financiador do Hezbollah no Líbano e acusado pelos ocidentais de fornecer drones explosivos e mísseis de curto alcance ao exército russo. ANG/RFI