
Tanzânia/ Dois activistas violados e torturados no leste do país

(ANG) – Dois activistas de direitos humanos na Tanzânia denunciaram, segunda-feira, as violações e actos de tortura a que terão sido sujeitos em Dar es Salaam, no leste do país.
Os dois viajaram para o país, há cerca de duas semanas, para assistir ao julgamento do principal candidato da oposição à presidência, Tundu Lissu.
Boniface Mwangi, queniano, e Agather Atuhaire, ugandesa, alegam ter sido detidos, a meio do passado mês de maio, pouco tempo depois de terem chegado ao hotel onde iriam ficar hospedados em Dar es Salaam. Eles dizem ter sido, em seguida, torturados e violados por agentes de segurança interna.
Eles alegam ter sido levados para um prédio desconhecido, com as mãos amarradas e os olhos vendados, onde terão sido despidos e pendurados de cabeça para baixo. Boniface Mwangi faz o relato daquilo que viveu, em declarações recolhidas por Gaëlle Laleix, correspondente em Nairobi.
“Lá, começaram a bater-me violentamente nos pés, enquanto me questionavam: Qual é o seu nome? De onde é que você é? Quem é que o enviou? Porque é que você veio desestabilizar o nosso país? Um homem colocou lubrificante no meu anus e começou a inserir objectos e pediu-me para dizer: ‘ Obrigado, Samia ‘, então eu agradeci à presidente da Tanzânia”, explicou Boniface Mwangi.
Num outro local, Agather Atuhaire também terá sido alvo de tortura, espancamento e violação. Ela denuncia a cumplicidade e culpabilidade de toda a região da África oriental.
“Eu sabia que o dia em que seria torturada chegaria. Convivo com essa preocupação no Uganda, mas não sabia que isso aconteceria na Tanzânia, onde não fiz absolutamente nada, nem sequer protestei. Os oficiais da Tanzânia não tiveram medo algum de chamar bruta-montes para fazerem aquilo que fizeram connosco. Para mim, é um nível de impunidade inimaginável. Como cidadã da África Oriental, sinto que só podemos contar connosco próprios”, salientou.
Este país, com mais de 65 milhões de habitantes, vai a eleições presidenciais e legislativas em outubro. A Tanzânia é governada pelo mesmo partido, desde a independência, em 1961.
Tundu Lissu, principal candidato da oposição à presidência foi preso, acusado de “incitar a um bloqueio das eleições”, segundo a polícia.
A oposição da Tanzânia e as organizações não governamentais do país denunciam, com frequência, a repressão política crescente da parte do executivo da presidente Samia Suluhu, que acusam de práticas autoritárias. ANG/RFI