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Venezuela/Crise entre Caracas e Madrid depois de ministra espanhola qualificar Venezuela de “ditadura”

Venezuela/Crise entre Caracas e Madrid depois de ministra espanhola qualificar Venezuela de “ditadura”

(ANG) – O governo venezuelano chamou de volta a sua embaixadora em Madrid para consultas, depois de a ministra espanhola da defesa ter qualificado publicamente o regime venezuelano de “ditadura”. 

Yvan Gil, anunciou ontem à noite ter chamado de volta a sua embaixadora, Gladys Gutierrez, “para consultas e ter também convocado o embaixador espanhol na Venezuela, Ramon Santos, para que compareça no ministério nesta sexta-feira.

Esta decisão acontece depois de a ministra espanhola da Defesa, Margarita Robles, ter dito ontem durante a apresentação de um livro, que o governo de Nicolás Maduro é uma “ditadura”e ter expressado a sua solidariedade para com “os homens e as mulheres da Venezuela que tiveram de deixar o seu país”.

Palavras “insolentes e grosseiras”, considerou o chefe da diplomacia venezuelana, para quem isto traduz “uma deterioração” das relações bilaterais, numa altura em que o opositor venezuelano Edmundo González Urrutia, que reclama a vitória nas presidenciais de Julho, acaba de se exilar desde domingo em Empanha.

Reagindo hoje a esta decisão, o ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares, mostrou-se prudente. “Convocar um embaixador, eu já fiz isso em várias ocasiões, e uma chamada para consultas são decisões soberanas de cada estado, e por isso não há nada a comentar,” limitou-se a dizer o chefe da diplomacia espanhola antes de referir “estar a trabalhar para ter as melhores relações possíveis com o povo irmão da Venezuela”.

O mal-estar tem aumentado nestes últimos dias entre Caracas e Madrid, depois do governo espanhol ter concedido asilo a Edmundo González Urrutia, sendo que ontem este último foi recebido pelo chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, que lhe deu as boas vindas.

A Espanha, à semelhança dos restantes países-membros da União Europeia, tem recusado reconhecer um vencedor nas presidenciais de 28 de Julho na Venezuela, condicionando a sua posição à publicação integral das actas eleitorais. Até agora, as autoridades venezuelanas não o fizeram, alegando terem sido alvo de um ataque informático.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou o presidente Nicolás Maduro vencedor da eleição, com 52% dos votos. Mas este resultado é contestado pela oposição, que garante, com base nas actas fornecidas pelos seus delegados, que Edmundo Gonzalez Urrutia obteve mais de 60% dos votos.

Refira-se, entretanto, que os Estados Unidos tomaram claramente posição a favor de Urrutia que reconhecem como Presidente democraticamente eleito. Depois de terem obtido na semana passada a apreensão na República Dominicana do avião de Nicolás Maduro, algo que o interessado qualificou de “roubo”, os Estados Unidos anunciaram ontem sanções contra 16 pessoas ligadas a Maduro, afirmando que “colocaram entraves” ao desenrolar das presidenciais. Sanções logo rejeitadas “com a maior firmeza por Caracas que as qualificou de “ilegítimas e ilegais”. ANG/RFI

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