Angola/Especialistas propõem novo paradigma para desenvolvimento sustentável em África
(ANG) – Especialistas africanos do setor da agricultura e segurança alimentar defenderam uma mudança de paradigma para o desenvolvimento sustentável, no continente, apesar dos níveis de desenvolvimento registados em várias áreas.
Esta mudança passa necessariamente por investir na modernização do sistema agrícola para aumentar a produção e melhorar a produtividade, agregando valor com bens e serviços, advogaram os participantes na 19.ª edição da Plataforma de Parceria do Programa Abrangente de Desenvolvimento da Agricultura em África (CAADP).
O evento decorreu durante quatro dias, na capital zambiana, em Lusaka, com acesos debates de especialistas em sistemas agrícolas e segurança alimentar dos Estados-membros da União Africana (UA).
Segundo o relatório bienal do CAADP, o crescimento e a transformação agrícola de África está a vacilar, desde 2015, agravado por choques induzidos pelo clima e pela pandemia da Covid-19, havendo muito trabalho a ser feito para que o continente retome o caminho certo para cumprir as metas da Declaração de Malabo de 2014.
O documento apresentado recentemente revela que o continente não está em vias de atingir e cumprir os objetivos e metas do crescimento acelerado da agricultura em África, conforme previsto na Declaração de Malabo.
Por seu turno, o African Agricultural Transformation Scorecard (AATS) também confirma que os números actuais são inferiores aos de 2019, quando quatro Estados-membros estavam no caminho certo durante o segundo ciclo de revisão bienal.
Embora os restantes 50 Estados-membros não estejam no bom caminho, 21 deles são considerados como estando a progredir bem, tendo obtido a pontuação 5, muito abaixo do valor de referência de 7,28 pontos.
Por isso, propõe-se uma transformação radical do sector para permitir que o continente se alimente e seja um dos principais exportadores líquidos de alimentos, refere uma nota de imprensa transmitida à ANGOP, em Luanda.
A nota acrescenta que os participantes nos trabalhos da reunião de Lusaka, decorridos de 30 de Outubro a 02 de Novembro deste ano, acreditam que a construção de sistemas alimentares resilientes e inclusivos para África é o desafio a ter em conta da atual geração, já que mais de 250 milhões de africanos passam fome.
Advertem que há uma necessidade urgente de se acelerar a implementação do programa, com uma estrutura continental de transformação da agricultura e uma estratégia de crescimento liderada pela agricultura para atingir “metas ambiciosas” de segurança alimentar e nutricional, conforme descrito na Declaração de Malabo.
Acreditam também que a rede de parlamentares é muito útil para impulsionar o CAADP a nível de base e garantir que os Estados-membros adiram e tenham em consideração na sua agenda a atribuição de um orçamento adequado ao sector agrícola que continua em muitos países marginalizado.
Os especialistas concluíram que se deve envolver com maior participação os agentes não estatais nos sistemas agroalimentares e da agricultura para garantir uma segurança alimentar e assegurar riqueza nas comunidades.
Estiveram em discussão questões ligadas às perspectivas dos parceiros sobre a situação do comércio agroalimentar e da segurança alimentar e nutricional bem como as grandes prioridades, a reflexão sobre os últimos 20 anos do CAADP e as prioridades para os dois anos restantes.
A inovação para aumentar a produtividade e a agricultura sustentável, o papel da agroecologia na nutrição e na segurança alimentar e o financiamento do sector agroalimentar e da nutrição por meio do envolvimento do setor privado estiveram igualmente entre os pontos debatidos.
Os participantes também analisaram o aproveitamento do nexo entre o CAADP e a ZCLCA (Zona de Comércio Livre Continental Africana) para triplicar o comércio intra-africano de bens agrícolas e melhoria da nutrição, fortalecimento das capacidades de instituições e parcerias. ANG/Angop