Dirigentes “inconformados” do PAIGC exigem a clarificação da liderança do partido
(ANG) – Alguns dirigentes do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) exigem a clarificação da liderança do partido, uma vez que o atual presidente, Domingos Simões Pereira, continua a “bater-se” pela Presidência da República.
“É chegado o momento de tornar aberto, transparente e participativo o processo de clarificação da liderança do Partido. O Partido deve clarificar a sua estratégia, e para tal, julgamos que o primeiro passo deve ser dado pelo seu atual Presidente” lê-se numa carta enviada ao Presidente do PAIGC, consultada pelo jornal O Democrata, na qual constam os nomes de Rui Duarte Barros, Aly Hijazi, Mário Mussante da Silva Loureiro, Carlos Pinto Pereira, José Carlos Esteves, Carlos Nelson Sano, Fofana Keita e Amadu Djalo.
Na missiva assinada por cinco dirigentes, os signatários entendem que estando em vésperas de um processo eleitoral, verificar que Simões Pereira continua a apresentar-se como cabeça-de-lista do PAIGC, constitui uma nova “antecâmara para novos focos de instabilidade, a todos os títulos prejudiciais para o Partido e para a Nação”.
“Torna-se óbvio para qualquer observador atento, que a pretensão do Camarada Presidente continua a bater-se pela Presidência da República. Considerando legítima essa sua pretensão, entendemos que ela não deve ser prosseguida pondo em causa os demais interesses do Partido, nomeadamente os de se assegurar que o acima referido processo de clarificação da liderança do Partido seja um processo democrático”, salientou os subscritores da carta.
Adiantaram que, não entendem correto que seja o Presidente do Partido a escolher o seu sucessor, como parece estar a acontecer, apontando a criação de amplos consensos e de uma plataforma patriótica, nos quais o PAIGC continue a pontuar com uma posição de relevo, tendo em vista a resolução dos graves problemas que assolam o país.
“Os sinais que o Partido vem trazendo todos os dias para a praça pública, nomeadamente através da divulgação de negociações [secretas] com parceiros que ontem eram considerados inimigos, mostram de forma inequívoca que, sendo essa a via correta, a atual Direção do Partido, e particularmente o Camarada Presidente, terão dificuldades em assegurar esta solução alternativa, vital para a sobrevivência do nosso sistema democrático”, frisaram.
Os referidos dirigentes, afirmam que, se assim é, consideram que outros poderão estar em melhores condições para conduzir este processo, afirmando que a via da reconciliação e do diálogo devem prevalecer, quer no seio do Partido, quer a nível nacional.
“Parece-nos ser chegado o momento para a abertura desta reflexão e debate, pelo que convidamos o Camarada a promover um encontro entre os signatários e a Direção Superior do Partido, para que, de forma mais aprofundada, possamos propor as soluções que julgamos mais consentâneas com os interesses do Partido e da Nação guineense, a serem submetidas, caso assim se vier a entender, ao livre sufrágio dos seus militantes” propuseram, garantindo que vão permanecer no governo pelos motivos que cada um teve a oportunidade de expor quando para o efeito foram ouvidos pela Direção Superior do Partido.ANG/O Democrata