
EUA/Presidente americano anuncia que pretende baixar “substancialmente” taxas aduaneiras à China

(ANG) – O Presidente americano anunciou terça-feira sua intenção de baixar substancialmente as taxas aduaneiras aplicadas à China que se elevam atualmente a 145%.
Ao referir que os direitos alfandegários “nunca voltariam a zero”, Donald Trump mostrou-se contudo optimista quanto à eventualidade de chegar a um acordo com Pequim.
A notícia que teve por efeito de aliviar as bolsas mundiais, foi acolhida com agrado pela China que se disse de “portas abertas” para discussões, garantindo porém “lutar até ao fim, se for necessário”.
Para o economista angolano Carlos Rosado, são precisos actos concretos dos Estados Unidos.“Trump diz muitas coisas. Nem todas se concretizam, mas tudo o que seja no sentido de aliviar a tensão nesta guerra comercial, é positivo. Temos visto aquilo que tem acontecido nas bolsas”, considera o estudioso que ao referir-se ao caso de África e de Angola em particular, sublinha que “o problema são as ‘commodities’, a guerra comercial, a eventual recessão, a redução ou desaceleração da procura de commodities, baixa do preço das commodities e em particular do petróleo. E, portanto, Angola sofre naturalmente com isso”.
“Agora, tem que haver resultados concretos, não só a declaração de intenções de Trump. Tem que mostrar talvez um bocadinho mais. A China sempre esteve aberta à negociação e, inclusivamente apresentou uma queixa na OMC. Isto é uma coisa completamente inesperada. Quer dizer, a China fazer uma queixa na OMC contra os Estados Unidos, que são supostamente um Estado liberal, é uma coisa verdadeiramente incrível. Mas, infelizmente, é isto que está a acontecer com a administração Trump“, diz ainda Carlos Rosado.
Questionado sobre o impacto que as decisões de Trump tiveram na economia Angolana, com a diminuição do preço do barril de petróleo -principal fonte de receitas do país- e seus possíveis reflexos numa eventual revisão do Orçamento Geral do Estado, o economista considerou que esta revisão não é uma fatalidade. “Vamos esperar. Eu não sou adepto de revisões precipitadas. Os tempos são muito incertos ainda. Não sou adepto de uma revisão formal, entrega de um documento na Assembleia Nacional, mas sou adepto de que o Governo deve dizer alguma coisa, deve vir falar e dizer ‘Olha, a situação é esta. Caso a situação se mantenha, nós temos estas despesas todas que vão ser cativadas'”.
Recorde-se que o Orçamento Geral do Estado de Angola em 2025 é baseado em previsões de comercialização do petróleo a cerca de 70 Dólares o barril, acima do valor que tem tido nestas últimas semanas, depois de Donald Trump lançar a sua guerra comercial no decurso do mês de Março. Apesar de ter anunciado alguns dias depois reduções nas taxas adicionais que previa inicialmente para todos os países, o Presidente americano manteve e -aumentou até- as medidas punitivas contra a China, com taxas ascendendo a 145%, o que teve por efeito de fazer soprar um vento de pânico nas bolsas mundiais.
Perante este cenário, Pequim respondeu impondo taxas de 125% sobre as mercadorias provenientes dos Estados Unidos. Depois de apelar ainda ontem ao Reino Unido e à União Europeia para defender o comércio mundial contra a ofensiva americana, a China reagiu hoje ao anúncio de Trump dizendo estar “de portas abertas” para discussões, referindo por outro lado que “se for necessário lutar, irão até ao fim”. ANG/RFI