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França/Onda de calor está a sufocar a Europa

França/Onda de calor está a sufocar a Europa

(ANG)O sul da Europa está confrontado neste momento com uma onda de calor, com registo de temperaturas de 46 graus em Espanha nesta segunda-feira. Portugal, Itália e França também batem recordes de temperatura.

As temperaturas estão a disparar nestes últimos dias um pouco por toda a EuropaEm França a temporada mais alta cifra-se nos 38°C para a região parisiense.

Esta onde de calor está a ter várias consequências para os habitantes em França. A nível nacional, 1 350 escolas públicas foram parcial ou totalmente encerradas nesta terça-feira, num total de 45 000 estabelecimentos escolares.

Todos os serviços de emergência estão preparados em França e em alerta máximo para reagir a qualquer incidente.

Em França, esta é a 50ª vaga de calor desde 1947, e a 33ª desde que entrámos no Século XXI, isto num contexto de mudanças climatéricas que aumenta o número desde acontecimentos.

De referir que a causa deste calor intenso é uma abóbada de calor que impede o ar de circular, impedindo a entrada de perturbações.

De notar que em Portugal, em Mora, a cem quilómetros a Leste da capital portuguesa, Lisboa, registou um novo recorde de temperaturas, no mês de Junho, no domingo, 29 de Junho, com 46,6°C.

O precedente recorde tinha sido 44,9°C registado em Alcácer do Sal a 17 de Junho de 2017.

Carlos Pereira, climatologista no Instituto português do mar e da atmosfera, admitiu que as ondas de calor se têm estado a intensificar nas últimas décadas.

Carlos PereiraDe facto, nas últimas décadas, as ondas de calor têm-se intensificado bastante. A frequência, principalmente das ondas de calor, tem-se verificado cada vez mais. Portanto, nós temos exemplos recentes do século XXI. Por exemplo, em 2003, a grande onda de calor na Europa, que afectou também a França de forma bastante significativa, com muitas mortes associadas. Temos também a onda de calor em 2010, que afectou mais o Leste europeu e a zona da Rússia, mas também nos últimos anos bastante recentes. Por exemplo, em 2019, em 2022 ou em 2023. E também aqui na Península Ibérica, em 2018 e em 2022, tivemos ondas de calor que quebraram recordes de extremos de temperatura. Portanto, as ondas de calor, de facto, têm se tornado mais frequentes e mais intensas. Quando olhamos para estas últimas décadas, em comparação com aquilo que sabemos que aconteceu no passado, nas décadas de 70, 80 e 90, elas também ocorriam, mas não com a frequência que tem ocorrido nos últimos anos.

RFI: Isto significa que porventura, vamos ter que aprender a lidar melhor com estas situações, poder co-existir, co-habitar com elas?

Sim, de facto. E agora falando um pouco em sustentação científica, não é ? Aquilo que a ciência nos mostra, portanto, todos os artigos científicos, muitos deles publicados em revistas de grande factor de impacto. Portanto, todos esses artigos e a ciência assim o indica que o futuro passará por ondas de calor com uma maior duração, portanto mais intensas, E este tipo de fenómeno climatológico que se repita de forma cada vez mais frequente. Portanto, isto claro que acontece devido ao aquecimento do planeta. Portanto, e o aquecimento do planeta, no fundo, é o homem que o vai provocando no fundo de nós próprios como humanidade e que escolhemos o caminho que queremos seguir. Portanto, ou queremos seguir um caminho mais ligeiro, com menos impacto nas alterações climáticas. Mas para isso, os países do mundo teriam que adoptar medidas bastante drásticas de redução de emissões de CO2, entre outras.

Para evitar a subida da temperatura, não é?

Para evitar a subida da temperatura, sim, a temperatura global, que depois também tem efeitos regionais, embora em média global. Quando falamos de 1,5 graus de dois graus, estamos a falar na média global, não é? Mas depois…

Limitar a subida da temperatura a 1,5 graus .. essa seria a meta do Acordo de Paris. Mas tudo indica que não vamos conseguir cumpri-lo de forma alguma, não é?

Sim, de facto, a meta do Acordo de Paris eu diria que está praticamente fora da equação, não é? Portanto, nós o nosso caminho agora segue-se para os dois graus, e já com bastante esforço. Portanto, o nosso caminho possivelmente será um cenário intermédio. Eu não quero pensar no cenário gravoso, não é? Portanto, claro, também não quero ter uma perspectiva muito catastrofista da situação. Mas, de facto, nós caminhamos para um cenário que já não é o cenário inicialmente previsto como sendo um cenário mais ligeiro do Acordo de Paris.

Falava em lógicas regionais. De facto, imagino que nenhuma região do globo escape a esta contingência. Fala-se do facto dos pólos estarem a derreter. Agora estamos a falar da Europa, no caso do Sul da Europa, mas não há nenhuma região do globo que fique imune a esta realidade, pois não?

Existem algumas regiões do globo, segundo as projecções, que podem eventualmente escapar a maior severidade, mas praticamente todo o globo está sujeito a isso. As zonas dos trópicos…verifica-se o aumento da temperatura nas projecções, mas não de uma forma tão significativa como, por exemplo, as latitudes médias. As latitudes onde vivemos ou, por exemplo, os pólos que realmente têm um sinal de amplificação da temperatura bastante elevado. Quando analisamos os cenários futuros. Mas quando eu digo a nível regional é que de facto, quando falamos de dois graus de temperatura média global, isso reflecte-se em valores muito superiores de anomalia de temperatura. Depois, regionalmente, na zona da Península Ibérica, podemos falar de três, quatro graus ou, acima disso, de anomalia de temperatura esperada para o futuro. Portanto, e aqui entramos, portanto, num cenário muito mais preocupante, porque depois são quebrados recordes de temperatura máxima e temperatura mínima, mas principalmente das temperaturas máximas, como temos verificado nos últimos dias.

E o grande constrangimento, talvez, se prenda com o facto do arrefecimento noturno ser mínimo e as pessoas terem dificuldade em recuperar. Em relação ao cansaço que isto provoca, não é?

Sim, de facto, embora não a minha especialidade não seja tanto na parte da saúde, mas de facto, temperaturas mínimas muito elevadas não permitem o que nós chamamos de recuperação térmica nocturna. Portanto, nós, até mesmo as casas não conseguem recuperar a temperatura durante a noite, não conseguem atingir um valor mais baixo durante a noite, para também potenciar um melhor conforto térmico de quem lá habita. Portanto, as nossas próprias casas acabam por acumular o calor ao longo dos dias.

Elas não arrefecem…

Pois claro, não arrefecem. Isto, obviamente que depois tem implicações bastante dramáticas na saúde das pessoas, principalmente as pessoas que vivem mais isoladas e que têm doenças respiratórias ou que têm problemas de saúde.ANG/RFI

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