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Guiné-Bissau sem museu para regresso de obras de arte

Guiné-Bissau sem museu para regresso de obras de arte

(ANG) –  O regresso dos bens culturais africanos ao continente esteve em debate na reunião anual da CEDEAO, em Acra, no Gana.

Entre avanços e desafios, destacou-se o caso da Guiné-Bissau, onde falta um museu para receber as suas próprias peças. Mamadu Jao, membro do comité regional de seguimento para retornos de bens culturais aos países de origem da CEDEAO, lançou o alerta: “É falta de vontade política”.

Entre os dias 19 e 22 de Maio, Acra foi palco de uma reunião que quer fazer história no regresso do património cultural africano aos seus países de origem. No centro dos debates esteve o Comité Regional da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), que reuniu especialistas e representantes governamentais para avaliar o que já foi feito, o que falta fazer no quadro do plano de acção 2025–2029.

A iniciativa, liderada pela direção da cultura do departamento de capital humano e assuntos sociais da CEDEAO, procura reforçar os mecanismos de cooperação entre os Estados membros no processo de devolução de bens culturais que se encontram, na sua maioria, em museus e instituições fora do continente africano.

Entre os participantes, destacou-se Mamadu Jao, antigo director do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP) da Guiné-Bissau e actual membro do comité regional de seguimento para retornos de bens culturais aos países de origem da CEDEAOo.

Para Mamadu Jao, o debate sobre os bens culturais é também um espelho das falhas internas na preservação do património.

“Penso que é falta de sensibilidade dos governantes ao longo dos anos”, lamentou, referindo-se à ausência de um museu etnográfico na Guiné-Bissau. “Durante o período colonial existia um. Desapareceu com o conflito militar e nunca mais houve qualquer esforço sério para o recuperar”, acrescentou.

Segundo o investigador, muitas das peças que pertencem à história da Guiné-Bissau estão encaixotadas em armazéns:  “Guardadas em sacos de 50 kg, sem qualquer exposição, invisíveis. É uma questão de vontade política”; sublinha.

Mamadu Jao acredita que a recuperação dos bens culturais deve envolver mais do que governos: “Todos falam da diversidade cultural como riqueza. Mas essa riqueza precisa de ser visível:  nos museus, nas escolas, nos programas educativos. As crianças têm o direito de conhecer a sua história”, defende.

A Bienal de Arte e Cultura que está a decorrer este mês na Guiné-Bissau foi destacada como um passo na direcção certa e,  segundo Mamadu Jao, “é uma iniciativa louvável que pode mostrar que a cultura é também identidade nacional. A Bienal pode ter um papel importante na visibilidade da nossa diversidade”.

A reunião de Acra permitiu fazer um ponto de situação sobre o que já foi conseguido desde 2024 e delinear novas metas no âmbito do plano até 2029. Entre as recomendações está a necessidade de garantir que os países que recebem de volta os bens tenham condições adequadas para os conservar; desde legislação e infraestruturas até à formação de técnicos especializados.

Mamadu Jao aponta exemplos encorajadores: “Países como a Nigéria, o Benim e o Senegal já deram passos importantes. Mas o regresso das peças não pode ser simbólico. É preciso preparar o terreno”, afirma. ANG/RFI

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