Médio Oriente/Israel anuncia entrada em vigor do cessar-fogo na Faixa de Gaza
(ANG) – O exército israelita anunciou a entrada em vigor, esta sexta-feira, pelas 09h00 TMG, do cessar-fogo na Faixa de Gaza.
A trégua deve agora ser seguida, no prazo de 72 horas, pela libertação dos reféns israelitas, cumprindo assim o acordo firmado com o Hamas.
O cessar-fogo e a libertação dos reféns israelitas fazem parte do acordo aprovado esta quinta-feira, 09 de Outubro, após quatro dias de negociações indirectas no Egipto entre o Hamas e Israel.
Nesse sentido, “o acordo de cessar-fogo entrou em vigor ao meio-dia local”, segundo o exército israelita, com as tropas a “retirarem-se de várias zonas da cidade de Gaza”, no norte do território, e em Khan Younès, no sul da Faixa de Gaza, “os veículos israelitas retiraram-se das partes sul e central da cidade em direcção às zonas a leste”, confirmou a Defesa Civil de Gaza.
Todavia, Telavive avisa que as “tropas do Comando Sul continuarão a eliminar qualquer ameaça imediata”.
O acordo rubricado pelo Hamas e por Israel baseia-se num plano anunciado no final de Setembro pelo presidente norte-americano Donald Trump para pôr fim à guerra, desencadeada pelo ataque do Hamas em Israel a 07 de outubro de 2023.
Donald Trump declarou ontem que pretende deslocar-se ao Médio Oriente no próximo domingo para assistir à libertação dos reféns: “Os reféns devem regressa segunda ou terça-feira. Eu provavelmente estarei presente. Espero estar presente. Prevemos partir no domingo”.
O governo de Benjamin Netanyahu ratificou esta sexta-feira antes do amanhecer o acordo concluído no Egipto. O que se traduz que no prazo máximo de 72 horas após a entrada em vigor, “todos os nossos reféns, vivos e mortos, serão libertados, o que nos leva a segunda-feira”, disse porta-voz do governo israelita.
Segundo um responsável do Hamas, os reféns israelitas vivos serão libertados em troca de cerca de 2.000 prisioneiros palestinianos detidos por Israel, “simultaneamente com retiradas israelitas específicas (de Gaza) e a entrada de mais ajuda humanitária”.
Das 251 pessoas raptadas durante o ataque de 07 de Outubro de 2023 e levadas para Gaza, 47 continuam detidas, das quais pelo menos 25 morreram. O ataque causou a morte de 1.219 pessoas, na sua maioria civis.
O acordo firmado no Egipto integra um plano de 20 pontos de Trump que prevê um cessar-fogo em Gaza, a libertação dos reféns, a retirada progressiva israelita de Gaza, o desarmamento do Hamas e a criação de uma autoridade de transição formada por tecnocratas, liderada por um comité chefiado por Donald Trump.
As negociações para a segunda fase, relativas ao desarmamento do Hamas e à continuação da retirada israelita, devem começar “imediatamente” após a assinatura do acordo da primeira fase.
Duzentos militares sob a direcção do chefe do Comando Militar norte-americano para o Médio Oriente, o almirante Brad Cooper, vão ser mobilizados para “supervisionar” a implementação do acordo sobre Gaza. Entre eles, provavelmente militares do Egipto, do Qatar, da Turquia e dos Emirados Árabes Unidos.
O exército turco disse estar “pronto para assumir qualquer missão que lhes seja atribuída” em Gaza.
A campanha militar israelita em Gaza provocou, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, mais de 67.194 mortos, na sua maioria civis, e um desastre humanitário. ANG/RFI