
Reino Unido/Oitocentos milhões de Euros de ajuda humanitária prometidos ao Sudão em conferência internacional

(ANG) – Cerca de quinze países reunidos , terça-feira, em Londres numa conferência internacional sobre o Sudão, prometem 800 milhões de euros de ajuda humanitária ao país africano.
A conferência organizada pelo Reino Unido, a União Africana, a União Europeia, a França e a Alemanha, ocorreu no dia em que se assinalam dois anos de uma guerra civil que provocou dezenas de milhares de mortos, 13 milhões de deslocados e refugiados, assim como a mais grave crise humanitária do mundo, segundo a ONU.
Numa altura em que o Sudão assinala neste dia 15 de Abril, dois anos de conflito entre o general Abdel Fattah al-Burhane, chefe do exército sudanês, e o seu antigo adjunto, Mohamed Hamdane Daglo, chefe dos paramilitares das Forças de Apoio Rápido, a comunidade internacional está reunida hoje em Londres para reflectir sobre meios de ajudar este país.
No quadro deste encontro em que para além das entidades e países organizadores participam igualmente a Arábia Saudita, os Estados Unidos, e representantes das Nações Unidas e da Liga Árabe, as promessas de apoio humanitário ascendem a pelo menos 800 milhões de Euros, dos quais, 522 milhões devem ser desbloqueados pela União Europeia.
O Reino Unido anunciou, por sua vez, um envelope de um pouco mais de 139 milhões de Euros, para alimentos e apoio às vítimas de violência sexual, a Alemanha prometeu 125 milhões de Euros, para fornecer alimentos e medicamentos, mas também para “estabilizar a situação nos países vizinhos”, cujas capacidades de acolhimento dos refugiados “atingem os seus limites”, disse ontem a ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock. Por seu lado, a França anunciou que vai mobilizar 50 milhões de Euros.
Num contexto em que o terreno não dá sinais de acalmia, os participantes do encontro fizeram todos um balanço sombrio da situação do país.
“Dois anos é muito tempo (…) e, no entanto, uma grande parte do mundo continua a desviar o olhar“, lamentou o chefe da diplomacia britânica David Lammy ainda antes da abertura da conferência. No mesmo sentido, “continuar a desviar o olhar do Sudão terá consequências catastróficas”para o país mas também para a região, alertou, por sua vez, o Alto-comissário da ONU para os refugiados, Filippo Grandi.
A ONG Human Rights Watch pediu o envio de uma missão para proteger os civis, especialmente para “garantir um transporte seguro e sem entraves da ajuda humanitária”, enquanto o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) teceu um alerta para “as consequências desastrosas que um terceiro ano de guerra” poderia ter no Sudão.
Sinal contudo de que o tempo da paz ainda não chegou para o Sudão, nenhum dos beligerantes foi representado na conferência de Londres. Um facto que não escapou ao governo do Sudão que protestou junto do Reino Unido por não ter sido convidado para a conferência, acusando as autoridades britânicas de colocar em pé de igualdade o Estado sudanês “soberano e membro das Nações Unidas desde 1956” e as Forças de Apoio Rápido, “Milícia terrorista que comete genocídio e crimes contra a Humanidade”. ANG/RFI