Moçambique/Venâncio Mondlane aceita reunião com Presidente Nyusi se houver “agenda”

(ANG) – O líder da oposição Venâncio Mondlane anunciou, esta quinta-feira, aceitar a reunião pedida pelo Presidente moçambicano com os quatro candidatos presidenciais às eleições de 9 de Outubro para resolver o conflito pós-eleitoral que afecta o país.

O candidato que tem convocado protestos para reclamar “a verdade eleitoral” advertiu que o encontro tenha  “uma agenda” e, por isso, vai submeter na sexta-feira uma proposta à Presidência com “20 pontos que representam os anseios do povo moçambicano”.

Esta quinta-feira, em mais uma transmissão em directo da sua conta Facebook, Venâncio Mondlane disse aceitar o convite lançado pelo Presidente cessante aos quatro candidatos presidenciais que concorreram às eleições de 9 de Outubro, mas precisou que esse encontro deve ter uma agenda. Por isso, ele vai submeter, esta sexta-feira, uma proposta à Presidência com “20 pontos que representam os anseios do povo moçambicano”.

“Eu, Venâncio Mondlane, candidato vencedor das eleições presidenciais de 2024, aceito sem reservas esse diálogo, aceito essa mesa de diálogo (…). Mas esse dialogo, como qualquer diálogo, como qualquer negociação, como qualquer tipo de encontro institucional, deve ter uma agenda”, declarou.

O candidato, que tem convocado os protestos que duram há um mês, disse rejeitar um diálogo “à porta fechada” e com “segredinhos”, pediu “diálogos abertos, em que a imprensa tenha acesso, em que a sociedade civil tenha acesso, em que os mediadores internacionais tenham acesso”.

Venâncio Mondlane lembrou estar fora de Moçambique por questões de segurança, sendo actualmente visado por vários processos judiciais desencadeados pelo Ministério Público, nomeadamente conspiração para golpe de Estado, na sequência das manifestações e protestos do último mês.

Esta quinta-feira, Maputo voltou a ser palco, pelo segundo dia consecutivo, de um “buzinão”, ou seja, ao meio-dia os carros pararam durante 15 minutos para apitar, enquanto as pessoas vestidas com algo preto, em sinal de luto pelos mortos nas manifestações, ergueram cartazes para contestar os resultados anunciados das eleições.

Esta foi mais uma acção convocada por Venâncio Mondlane, que começou na quarta e vai até esta sexta-feira, em luto pelos manifestantes que morreram nos protestos. Segundo o candidato, são 50 as pessoas que morreram “baleadas pelas autoridades que as deviam proteger”.

Ainda esta quinta-feira, a plataforma eleitoral Decide estimou que 27 pessoas morreram só na última semana, entre 13 e 20 de Novembro, nas manifestações nacionais contra os resultados das eleições de outubro, além de 39 terem sido baleadas e 198 detidas.ANG/RFI