Cabo Verde/ Professores em greve nacional durante dois dias por melhores salários
(ANG) – Mais de 90 por cento dos docentes do ensino básico obrigatório e do ensino secundário observam a greve de dois dias dos professores em Cabo Verde.
A principal reivindicação da classe é o aumento da base salarial de 78.067 escudos (cerca de 708 euros) para 107.471 escudos (cerca de 975 euros) na ordem dos 36,6%.
Na quarta-feira a maioria das escolas estiveram sem aula, devido à greve de dois dias dos professores. Uma docente em Santo Antão afirmou que aderiu à greve porque o governo não quer assumir um compromisso sério com os professores.
“O governo desconsiderou a classe docente não querendo afirmar um compromisso sério com os professores revelando uma certa insensibilidade em atender as principais reivindicações” disse a professora. Osvaldina Assunção.
Um dos sindicatos que convocou a greve de dois dias dos professores é o SINDEP Sindicato Nacional dos Professores o seu presidente Jorge Cardoso afirma que não tiveram outra saída.
“Não tivemos outra opção, tivemos que avançar com a greve. O governo tinha prometido que resolveria todas as pendências dos professores em 2023 agora empurrou para 2024. E, o que está na origem da greve tem a ver com o reajuste salarial e nós apresentamos uma proposta bem clara”, disse o presidente do Sindep, Jorge Cardoso.
Em conferência de imprensa, três horas e meia após o início da greve, o ministro da educação, Amadeu Cruz, afirmou que Cabo Verde não tem como suportar o aumento salarial de mais de 36 por cento para os professores como exige a classe.
“Os sindicatos convocaram uma greve dos professores tendo como única justificação o pedido de um aumento da base salarial de 78.67 escudos para 107.471 escudos, o que significa um aumento dos salários absolutamente incomportável para a economia nacional, na ordem dos 36,6% dos salários dos professores. Esta proposta de aumento salarial teria um impacto orçamental fixo superior a 2,25 milhões de contos por ano e que teria também efeitos colaterais principalmente do lado da tributação e da inflação” disse o ministro da educação, Amadeu Cruz para acrescentar que “se todas as classes pedirem esse aumento de 36,6 %, não há país que aguente, pois não é somente em Cabo Verde, não há nenhum governo que aguente um aumento salarial de 36,6%, nem de professores e nem de uma outra classe profissional”.
Os professores já avisaram que caso a greve de dois dias não consiga surtir os efeitos desejados, a classe parte para uma greve por um período indeterminado.
Os professores em Cabo Verde exigem ainda a conclusão de reclassificações, promoção automática, regularização da atribuição dos subsídios por não-redução da carga horária até 2024, melhorar a carreira dos mestres, doutores e professores universitários, regularização da carreira das educadoras de infância, regularização do processo de transição dos professores e revisão do Estatuto da Carreira do Pessoal Docente. ANG/RFI