Faixa de Gaza/Civis estrangeiros e binacionais começaram a sair para o Egipto, via Rafah
(ANG) – Um novo grupo de binacionais deixou a Faixa de Gaza para o Egipto na quinta-feira pelo terminal de Rafah, aberto desde quarta-feira para permitir que os portadores de passaportes estrangeiros deixem o território palestiniano bombardeado por Israel.
Wael Abou Mohssen, porta-voz da administração da parte palestina do terminal, disse num comunicado que dois autocarros transportando “100 passageiros com nacionalidades estrangeiras” cruzaram na manhã de quinta-feira o ponto de passagem para o Egipto, de um total de 400 pessoas e 60 feridos de guerra, inscritos para partir no mesmo dia.
O exército israelita anunciou na manhã de quinta-feira ter morto “dezenas” de combatentes do Hamas durante a noite, numa ofensiva terrestre levada a cabo com tanques, pelos ares com a ajuda de um helicóptero e a partir do mar, lançando mísseis a partir de um barco.
O exército progride dificilmente e tem de se confrontar com ataques relâmpago do Hamas, cujos combatentes emergem de surpresa dos túneis para atacar os tanques antes de se retirarem rapidamente.
Desde terça-feira já foram mortos 15 soldados israelitas.
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, os bombardeamentos israelitas ao campo de refugiados de Jabalya, quarta e terça-feira, foram “ataques desproporcionados” que podem constituir “crimes de guerra”.
A esse propósito, o Secretário-Geral da ONU declarou-se na quarta-feira “chocado”.
Segundo dados do Hamas, esta ofensiva causou a morte de pelo menos 195 pessoas, mais de uma centena de desaparecidos e centenas de feridos.
O diretor do hospital Al Shifa lança “um último apelo” para obter combustível e, por conseguinte, eletricidade suficiente para fazer funcionar o seu equipamento, sem o qual, segundo ele, o próximo anúncio será a morte dos bebés atualmente nas incubadoras, dos pacientes sob ventiladores e dos que se encontram nos cuidados intensivos.
O Egipto anunciou quinta-feira, que estava a trabalhar na evacuação de 7.000 estrangeiros.
Na quarta-feira, 361 estrangeiros ou pessoas com dupla nacionalidade, bem como 75 feridos palestinianos, puderam atravessar o terminal a caminho do Egipto.
Os Estados Unidos marcam um distanciamento do seu aliado israelita: quarta-feira, durante uma viagem ao Minnesota, Joe Biden falou longamente sobre a “tragédia” em curso, sobre as “imagens de cortar a respiração” vindas de Gaza, e expressou a sua preocupação para com o destino das “crianças palestinianas que clamam pelos seus pais desaparecidos”.
Joe Biden apela agora a uma pausa na ofensiva israelita, enquanto estiver em curso a evacuação da totalidade dos reféns.
Por seu turno, o secretário de Estado norte-americano, Anthony Bliken cujo departamento criticou os colonos israelitas, acusando-os de ações “incrivelmente desestabilizadoras”, regressa na sexta-feira à região.
A apreciação da ajuda militar ao Estado judeu (e à Ucrânia) passa a estar na agenda do Congresso americano que retoma hoje os seus trabalhos, passando doravante a contar com um novo presidente, o republicano Mike Johnson.
Entretanto a Jordânia decidiu chamar na quarta-feira o seu embaixador em Israel para consultas, enquanto que na noite do mesmo dia o Iémen voltou disparar drones contra o sul de Israel.ANG/RFI